Campanha Laço Branco: OAB-PR mobiliza sociedade no enfrentamento à violência contra a mulher

Enfrentar a violência contra a mulher exige engajamento de toda a sociedade. Para reforçar essa mensagem, a OAB Paraná promoveu na manhã deste sábado (6/12), no Centro de Curitiba, a Campanha do Laço Branco. A ação mobilizou advogados, conselheiros, diretores da seccional, integrantes de comissões e autoridades para dialogar com a população e incentivar ações de prevenção, acolhimento e denúncia de agressões.  Já nas primeiras horas da manhã foram distribuídos 2 mil folders informativos às pessoas que transitavam pela região.

A iniciativa integrou o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres e é realizada mundialmente desde sua criação, há 20 anos no Canadá. Durante a ação, os participantes conversaram com pedestres e reforçaram a importância de que homens assumam papel ativo na luta contra a violência de gênero. A atividade também integrou a programação dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, liderada pela ONU e que segue até 10 de dezembro.

“A Campanha do Laço Branco é uma mobilização que convoca especialmente os homens a assumirem um compromisso público pelo fim da violência contra as mulheres. A violência de gênero é um problema estrutural e uma violação de direitos humanos que exige posicionamento claro, prevenção e mudança cultural. Ela não é (e não pode ser) uma pauta restrita às mulheres, mas de toda a sociedade. A OAB tem papel fundamental nessa construção e, por isso, diversas comissões estão presentes juntas aqui nesse ato, reafirmando de forma visível que não há espaço para tolerância ou silêncio diante da violência contra as mulheres”, destacou a diretora de Comissões da OAB Paraná, Emma Bueno, que esteve à frente da organização do evento.

Os dados reforçam a urgência do tema. Segundo dados do Painel do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o Paraná registrou, até o início de agosto de 2025, 7.978 casos de violência contra a mulher — englobando qualquer violação de direitos humanos, como maus-tratos, exploração sexual e tráfico de pessoas. No ano passado, o estado contabilizou 20.592 ocorrências. Somente em Curitiba, já foram registrados 1.927 casos neste ano.

O quadro nacional também revela gravidade. A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, conduzida pelo DataSenado, indica que 3,7 milhões de brasileiras sofreram violência doméstica ou familiar em 2025. Embora haja redução em relação a 2023, a maioria das agressões ocorreu na presença de outras pessoas — principalmente crianças — e quase 60% das vítimas relataram episódios recorrentes nos últimos seis meses. Além disso, em 2024, sete mulheres foram assassinadas por dia no Brasil, revelando a persistência da violência extrema.

Confira os relatos de profissionais presentes no ato:

“Considero extremamente importante e emblemático o movimento realizado pela OAB aqui no Centro de Curitiba para conscientizar a sociedade — não apenas a advocacia — e reafirmar o posicionamento da instituição contra algo tão essencial quanto o enfrentamento à violência contra as mulheres. Não podemos continuar tratando como algo natural números tão altos, que impactam profundamente a rotina de inúmeros lares e a vida de tantas mulheres no Brasil. A presença da OAB nessa campanha é fundamental. Distribuímos diversos folders; algumas pessoas receberam com receptividade, outras preferiram não aceitar. Ainda assim, isso evidencia a necessidade de estarmos aqui cada vez mais, com mais força e presença.” – Alexandre Mariath, presidente da Comissão da Advocacia Corporativa

“O combate à violência contra a mulher é uma responsabilidade de toda a sociedade — e isso inclui nós, homens. A conscientização precisa começar desde cedo, conversando com as crianças e ensinando que o feminismo, tão debatido e defendido, trata essencialmente de igualdade. Também lutamos por essa igualdade e devemos atuar como porta de acesso, contribuindo para que as mulheres tenham, de fato, oportunidades e proteção. Hoje, sabemos que a violência muitas vezes se manifesta como forma de controle — algo que não podemos permitir.” – Anderson Ferreira, conselheiro estadual

“A OAB Paraná vem se engajando há muitos anos no enfrentamento à violência contra a mulher, e este ato, com o esforço da instituição, das comissões, da diretoria e dos conselheiros, é essencial para mostrar à sociedade que esse problema não está restrito a determinados ambientes ou classes sociais. Trata-se, na verdade, de uma violação de direitos humanos: mulheres têm sido vítimas de agressões que atingem seus direitos mais fundamentais. Infelizmente, apesar de termos um sistema normativo robusto e diversas leis de proteção, ainda não conseguimos avançar como deveríamos. O último mês de novembro foi, nesse sentido, uma verdadeira tragédia — além dos casos de feminicídio, vimos episódios de violência extrema, e muitas mulheres só sobreviveram por acaso. É algo que precisa mobilizar toda a sociedade”, Marilena Winter, conselheira federal da OAB

“A conscientização é fundamental. Muitas vezes, não temos dimensão real dos números da violência doméstica e, ainda mais preocupante, da subnotificação. Muitas mulheres não têm coragem de denunciar ou pedir ajuda por motivos financeiros, pessoais ou sociais. Por isso, é essencial que elas se sintam acolhidas e seguras para buscar apoio, sabendo que o Estado está disponível para oferecer socorro. Recentemente, o governo ampliou a transparência dos dados, uma iniciativa importante para enfrentar o problema. Agora, o desafio é justamente transformar essa cultura, envolvendo toda a sociedade na responsabilidade de prevenir e combater a violência contra a mulher”, Fernanda Valério, diretora da Jovem Advocacia.

“A participação masculina é essencial, porque a violência, via de regra, parte do homem — e, portanto, a mudança também deve começar por ele. Quando os homens se unem em ações como esta, deixando claro que esse comportamento é inadmissível e precisa ser interrompido, o gesto ganha ainda mais força. Não há nada mais significativo do que o enfrentamento partir de quem historicamente é o agressor. Somos nós, homens, que precisamos assumir essa responsabilidade, mudar nossas atitudes e demonstrar, por meio de ações positivas, que estamos comprometidos em pôr fim à violência contra a mulher.” – Geovanei Bandeira, diretor de Prerrogativas da OAB-PR

“A participação dos homens nesse ato é fundamental. Esse não é um tema exclusivo das mulheres, mas uma causa de toda a humanidade. Ao observarmos os deveres previstos no Código de Ética e Disciplina — como urbanidade, lealdade, honestidade e veracidade —, fica evidente que uma causa como essa deve ser abraçada por todos os advogados. Hoje, essa matéria já é objeto de súmula do Conselho Federal da OAB. O documento estabelece que o bacharel envolvido em situações de violência contra a mulher pode ter sua inscrição impedida na Ordem, uma vez que esse tipo de conduta compromete a idoneidade profissional exigida para o ingresso nos quadros da OAB. Esse entendimento também vem sendo aplicado nos processos disciplinares”, – João Eurico Koerner, secretário administrativo do Tribunal de Ética e Disciplina (TED)

“A presença da OAB nas ruas hoje é fundamental — assim como deve ser sempre, porque a instituição precisa estar ao lado da cidadania. Este momento, porém, ganha um significado especial: todos os dias são dias de homens se posicionarem contra a violência de gênero. Neste 6 de dezembro, a OAB vai às ruas para reforçar essa mensagem, reverberar esse compromisso e afirmar que, em uma sociedade civilizada, todos os homens devem se opor à violência de gênero, não apenas no discurso, mas também na prática.” – Marcel Jeronymo, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero

“Os números de violência contra a mulher são altíssimos e a realidade é de agressões diárias. Sabemos também que a violência contra mulheres negras é ainda mais elevada. Por isso, é fundamental que a comissão se mobilize e esteja presente — não apenas com a participação das mulheres, mas, principalmente, dos homens — para compreender a importância do combate à violência e disseminar essa informação. Infelizmente, essa é uma realidade que ainda vivenciamos, e que precisa ser enfrentada e superada” – Barbara Abdulmassih, presidente da Comissão da Igualdade Racial

“Essa é uma pauta que diz respeito, sobretudo, aos homens. Somos nós que precisamos levantar essa bandeira para pôr fim, de uma vez por todas, à violência contra a mulher. Isso é inadmissível. Não podemos mais conceber uma sociedade que permita que essas agressões aconteçam. Portanto, cabe a nós, homens, assumir essa responsabilidade e agir para dar um basta nessa violência tão absurda.” – Andrey Salmazo Poubel, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos

“Esse movimento demonstra, de forma clara, que a sociedade não aceita mais comportamentos violentos tão normalizados por gerações anteriores. É essencial dar exemplo às novas gerações e mostrar que qualquer forma de violência contra a mulher é abominável.” – Rogério Nicolau, conselheiro estadual

“É fundamental contar com a participação dos advogados homens e da sociedade civil como um todo no dia 6 de dezembro — uma data simbólica, que reforça a necessidade de compreender que o enfrentamento à violência contra a mulher não é uma pauta exclusiva das mulheres, mas também dos homens” – Aline Cordeiro Andriolli, presidente da Comissão das Mulheres Advogadas

“Mais do que conscientizar as mulheres sobre a importância da denúncia, é fundamental sensibilizar os homens para que deixem de praticar qualquer forma de agressão. Estar aqui hoje, na Rua XV — um dos locais mais movimentados da cidade — levando informação à população e testemunhando a mobilização dos nossos advogados homens na luta pelo fim da violência contra a mulher é extremamente significativo” – Katiely Ribeiro, conselheira estadual