ENSINO SUPERIOR
A falência das faculdades
Trecho da coluna de Élio Gaspari na Folha de S. Paulo – edição de 8 de janeiro de 2005
O financiamento das instituições de ensino superior nacional está arruinado. O ano de 2005 teve uma greve salarial de 110 dias nas universidades federais. Os danos impostos aos alunos serão compensados com a criação de uma nova modalidade de calendário, o ano letivo de três semestres. Mal terminou essa desgraça, apareceu outra. A PUC de São Paulo (22 mil alunos, 1.900 professores) foi à bancarrota. Deve R$ 82 milhões a dois bancos e produz um déficit de R$ 4 milhões mensais. Vem aí um corte de 20% da folha de pagamento, professores serão demitidos e um pedaço do salário de dezembro ainda não foi pago. É uma crise velha e funda. Examinada por dentro, tem muitas explicações. Vista de fora, ilustra, entre outras coisas, a má qualidade das relações entre o andar de cima e as universidades brasileiras.
A lealdade dos ex-alunos às escolas onde se diplomaram é nula. Entre 1996 e 1998, a PUC paulista organizou três campanhas financeiras junto aos 120 mil jovens que formou. Deles, 25 mil haviam sido bolsistas. Expediram mais de 40 mil cartas. Arrecadaram R$ 46 mil. Pouco mais que os custos postais e burocráticos.
