Presos são mantidos em condições desumanas no Alto Maracanã

Advogados da Comissão de Direitos Humanos da OAB Paraná estiveram nesta terça-feira (5) na Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Eles receberam denúncias de que há um risco permanente de rebeliões na carceragem, que mantém uma média de seis presos para cada vaga existente. No momento da visita, eram 53 pessoas recolhidas num espaço reservado para apenas 8. Nos últimos 50 dias, foram registradas quatro tentativas de fuga, uma delas na manhã desta terça-feira, algumas horas antes da comissão da OAB chegar para a visita.
Duas celas e um corredor são usados para abrigar a maioria dos presos. Os outros ficam numa sala separada, mas igualmente lotada. As portas que separavam as celas da área de circulação eram mantidas abertas para que um maior número de presos coubesse no ambiente. Os detentos serraram parte da grade dessas portas internas para usar o ferro como arma ou instrumento para abrir buracos para a fuga. Depois de descoberto o plano, as duas portas de ferro foram retiradas definitivamente.
Os advogados da Comissão da OAB e jornalistas puderam entrar nas celas que foram esvaziadas para a revista dos presos. No ambiente abafado e sem janelas, alguns ventiladores são usados numa tentativa de melhorar a circulação do ar. As instalações elétricas oferecem riscos de incêndio. Na parede do corredor, os presos fixaram uma lista com a escala dos que podem deitar enquanto os outros permanecem em pé.
“Agora, com nove pessoas aqui dentro, é difícil acreditar que este lugar mantenha quase 40 pessoas presas”, disse a advogada Isabel Kugler Mendes, secretária da Comissão de Direitos Humanos. “Trata-se de uma situação ilegal, mas sobretudo desumana. Não é difícil de entender por que os presos tentam fugir. É uma fuga em busca de sobrevivência”, afirma Isabel.
Segundo o delegado titular da Delegacia do Alto Maracanã, Rafael Vieira, a tensão deve aumentar ainda mais depois da última tentativa de fuga, uma vez que as portas das celas foram retiradas. O delegado explica que sem as portas, que vinham sendo serradas para que o ferro fosse usado, os presos ficam com menores possibilidades de fugir. “É uma ironia, mas acabou a expectativa que mantinha muitos deles mais calmos.”
Assim como vem fazendo a cada carceragem vistoriada, a Comissão de Direitos Humanos da OAB Paraná deve elaborar um relatório sobre a situação na Delegacia do Alto Maracanã. O documento será encaminhado às autoridades competentes com pedidos de providências.

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