Jovem advogado destaca a necessidade da ética no exercício profissional

Um grupo de 90 bacharéis recentemente aprovado no Exame de Ordem prestou compromisso nesta quarta-feira (20) em Curitiba, no auditório da sede da Seccional. Eles foram saudados pelo ex-presidente da OAB Paraná Alfredo de Assis Gonçalves Neto. Representando os novos advogados, Marcio Seroiska fez um discurso em que falou sobre inquietude dos jovens profissionais e sobre a necessidade do aperfeiçoamento, sempre pautado pela ética.
A solenidade também teve a presença do presidente da OAB Paraná, Alberto de Paula Machado, e de representantes da diretoria da Seccional, Caixa de Assistência e da Comissão dos Advogados Iniciantes.
Confira o discurso do advogado que falou em nome dos profissionais recém-inscritos na OAB Paraná:

Senhor Presidente da OAB do Paraná, Dr. Alberto de Paula Machado, senhores diretores e conselheiros, caros colegas e demais convidados, é com grata satisfação que lhes dirijo estas breves palavras.
Sinto neste momento a necessidade de recordar todo esforço que nós fizemos para chegar até aqui. O sofrimento do curso preparatório para o vestibular, as dificuldades dos anos de faculdade, o sofrimento na espera do edital dos aprovados no exame de ordem. Sem esquecer de mencionar aqueles mais maduros, que, além das dificuldades naturais já mencionadas, ainda tinham seus graves deveres de estado: são casados, pais e mães de família, que trabalhavam o dia todo e de noite dedicavam-se aos estudos. Não foi pouco sofrimento, mas valeu a pena.
Agora nos é reservado este momento de glória, momento em que recebemos os louros por todos os nossos esforços e sofrimento. Talvez para muitos isso não signifique nada, mas não para aqueles que sabem do preço que pagaram para chegar até aqui.
Ontem (19/05) na reunião de boas vindas em que estavam presentes a Drª Eunice Fumagalli Martins e Scheer e o Dr Aramis de Souza Silveira, um dos compromissandos perguntou-lhes: qual o conselho que nos dariam? Se eles arrependiam-se de algo que haviam feito ou deixado de fazer no exercício da profissão? Para que nos servisse de exemplo, pois somos advogados iniciantes e inexperientes.
Senti naquela pergunta a inquietação existente em nossos pensamentos, pois não temos muita experiência, a não ser aquela acadêmica. Em outras palavras: “E agora José?”, como escreveu Drummond.
E agora (?) de volta aos livros de direito processual e material, as pesquisas e por que não voltar a ter contatos com seus antigos professores ou recorrer à Escola Superior de Advocacia para poder suprir o que nos falta de experiência.
O que não podemos é parar neste momento e pensar que a experiência virá do céu como um dom infuso. Devemos estar preparados para todas as situações, ter sempre no bolso do paletó (ou na bolsa de mão) um discurso pré-formatado para situações como esta. Diria mais, é antever as possibilidades existentes na vida e não deixá-las passar, por mais constrangedoras e difíceis que elas possam ser.
Gostaria de terminar esta pequena reflexão com um texto extraído do Jornal Folha de São Paulo, do colunista Walter Ceneviva, publicado na íntegra no sitio da OAB, sobre o padroeiro dos advogados: Santo Ivo.

 “[…] Santo Ivo (ou Yves) de Chartres foi bispo dessa cidade francesa. Viveu entre 1040 e 1116, considerado o maior especialista em direito canônico do seu tempo.
[…]
Ivo marcou, pela coragem, um dos papéis preponderantes que se esperam dos advogados: o de não temer o poder constituído, ou imposto.
[…]
O leitor, provavelmente, se perguntará como Ivo conseguiu ser, ao mesmo tempo, santo e advogado. A possibilidade da dúvida é natural.
[…]
Falando em nome de seu cliente, defendendo causas justas e injustas, cíveis e criminais, é evidente que o advogado só fala para defendê-lo, sendo grave falha ética se fizer o oposto, se prestar declarações contrárias ao interesse sustentado ou se admitir que o seu representado ofendeu o direito de alguém. Assim é porque todos, do mais honesto ao pior delinqüente, têm o direito à ampla defesa. Só nas ditaduras há condenações sem defesa dos inimigos do regime.
[…]
Santo Ivo, há quase mil anos, mostrou, ainda que por exceção, que é possível ser santo e ser advogado.”

Talvez possamos mudar uma única palavra do texto para que ela possa fazer mais sentido aos nossos ouvidos: mudaremos “santo” por “ético” e todo o texto se encaixa perfeitamente: é possível ser ético e advogado, resgatando, assim, a dignidade da advocacia.
Parabéns a todos e muito obrigado.
Marcio Seroiska

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