Em seguida, o professor Otávio Pinto e Silva, da Universidade de São Paulo (USP), analisou o tema da Subordinação, autonomia e parasubordinação nas relações de trabalho. Segundo ele, diante da globalização e da contínua modificação das relações de trabalho, com o surgimento de novas profissões e o desparecimento de outras, é preciso discutir o objeto do Direito do Trabalho. O modelo de organização produtiva centralizada, hierarquizada e fundada na distribuição, mudou, disse, afirmando que é preciso buscar mecanismos jurídicos para superar a dicotomia entre trabalho autônomo e trabalho subordinado. Assim, destacou a necessidade de reforma do modelo das relações de trabalho, pois o direito individual deve não apenas proteger os trabalhadores, mas também servir como elemento de promoção das relações profissionais, trazendo para o mercado formal uma parcela de trabalhadores hoje excluídos. Não faz sentido que uma empresa vá buscar mecanismos fora do Direito do Trabalho para obter a prestação de serviços, como a criação de Pessoas Jurídicas. Estamos diante de uma excrescência, afirmou Otavio Pinto e Silva.
Ideologia – A palestra de encerramento sobre o Direito do Trabalho teve um show à parte: o desembargador Carlos Henrique Bezerra Leite, do TRT da 17ª Região (ES), iniciou sua exposição cantando (e muito bem) a música Ideologia, de Cazuza, e emendou, sob aplausos: Ideologia, eu quero uma pra viver, viver com paz, com amor, com respeito, com dignidade, buscando a felicidade e realizando a felicidade. Esse é o papel fundamental do direito. Se ele não produzir felicidade, alguma coisa está errada. Logo ele explicou a razão da cantoria: Há uma ideologia por detrás do processo. O processo é uma forma civilizada, democrática, para a realização da composição dos conflitos, mas que pode se tornar perniciosa. Segundo Bezerra Leite, a reforma que se deve fazer não diz respeito a novas leis, não está na aplicação, mas na interpretação das leis, dentro do direito do trabalho e do processo do trabalho. A luta não é por leis, mas por direitos, por democracia. É possível fazer uma revolução, por meio do direito e do processo, completou.

