O Fórum Cível de Curitiba, fechado desde a última terça-feira, após o relato de algumas pessoas que sentiram tremores em sua estrutura, será reaberto na próxima segunda-feira (30). O Tribunal de Justiça tomou a decisão depois de receber o laudo técnico do engenheiro Mauro Lacerda Santos Filho, do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná, garantindo que não há risco de colapso iminente nem problemas estruturais que justifiquem a interdição. “O prédio está incólume e em condições de ser utilizado”, disse categoricamente o engenheiro, PhD e professor titular da UFPR.
O resultado da perícia realizada no local foi apresentado ao presidente em exercício do TJ, desembargador Onésimo Mendonça de Anunciação, durante uma reunião na manhã desta sexta-feira (27), e da qual também participaram o presidente da OAB Paraná, José Lucio Glomb, o reitor em exercício da UFPR, Rogério Mulinari, o diretor do Fórum Cível, juiz João Luiz Manassés de Albuquerque Filho, o diretor do departamento de Engenharia do TJ, Cornelius Unruch, e Toni Menzel, também do departamento de Engenharia. À tarde, o laudo de avaliação foi apresentando à imprensa.
Conforme o engenheiro, no curto espaço de tempo não foi possível fazer um laudo mais detalhado, o que demoraria cerca de três semanas, mas nesta avaliação preliminar foi possível concluir que não há risco iminente e a estrutura não apresenta patologias ou sinais de fadiga. “Na área de engenharia identificamos três fenômenos em edificações: fenômenos estáticos que se referem à capacidade de carga do prédio; fenômenos dinâmicos, que ocorrem com o decorrer do tempo e apresentam sinais como fissuras, problemas em instalações elétricas e tubulação; e os fenômenos ambientais. No caso do prédio do Fórum Cível posso afirmar com segurança que a estrutura do prédio não apresenta problemas dinâmicos e nem estáticos”, afirmou o engenheiro. De acordo com seu relato durante a reunião na vice-presidência do TJ, o Fórum Cível tem capacidade para suportar 1,2 toneladas de carga, que inclui móveis e papel, e apesar de todo acúmulo de processos no local, o prédio ainda tem reserva de segurança suficiente para suportar a carga do local sem risco. A perícia avaliou os pontos de sustentação do prédio no subsolo, onde não foi encontrado nenhum ponto crítico. Quanto ao aspecto dinâmico também não foram encontrados problemas como janelas com vidro trincado, portas emperradas, fissuras ou problemas nas instalações hidráulicas ou nos elevadores. “O prédio precisa de algumas intervenções de manutenção, mas não há nenhum problema de estrutura. Provavelmente o tremor que as pessoas sentiram foi devido a obras na região. No entorno está havendo uma construção em fase de fundação com cravação de estacas e isso pode gerar ondas de vibração no solo que se propagam até o sítio do Fórum Cível. O prédio absorveu isso, pois está projetado para tal, mas que de qualquer forma faz com que algumas pessoas sintam esses tremores”, explicou Lacerda. O laudo parcial sugere um estudo mais detalhado da vida útil da edificação, que começou a ser ocupada em 1978. O engenheiro sugeriu também a realização de obras de caráter corretivo e preventivo.
O diretor de engenharia do TJ, Cornelius Unruch, disse que o tribunal já tem um projeto para reparos de manutenção no prédio e que o edital está sendo finalizado com previsão de ser publicado no próximo mês de junho. Unruch também adiantou a intenção da presidência do TJ de construir um edifício para abrigar 30 varas cíveis no terreno destinado ao Centro Judiciário, no bairro Ahú, em Curitiba. A licitação será feita ainda este ano e a previsão é que a obra, em pré-moldados, esteja pronta até o final de 2012.
Para o presidente da OAB Paraná, José Lucio Glomb, os problemas referentes ao Fórum Cível não se resolvem com o laudo técnico. “As condições inadequadas do fórum para atender a população vêm sendo denunciadas há muito tempo pela OAB. Não há espaço suficiente. As condições de atendimento são precárias. A situação chegou no seu limite. Vamos continuar em campanha para que o Poder Judiciário encontre uma solução definitiva para o fórum de Curitiba”, afirmou Glomb.