O papel da mulher advogada, a ascensão do público feminino em carreiras jurídicas e as prerrogativas profissionais nortearam as discussões do 3.º Encontro Estadual da Mulher Advogada no período da tarde de sexta-feira (25). O evento, realizado no auditório da Seccional, reuniu 200 advogadas e especialistas em diversas áreas do direito.
A conselheira estadual Priscilla Placha Sá defendeu na palestra “Direitos e Prerrogativas Profissionais” a necessidade de atribuir à mulher um lugar que priorize o respeito às diferenças, não sobre à igualdade. A advogada traçou um paralelo entre a representação figurativa do advogado na mídia do Brasil e dos EUA.
Segundo Priscilla, as prerrogativas profissionais no Brasil têm uma conotação negativa. “Muitos definem a palavra como ‘privilégio’. A mulher advogada tem seu perfil ético e estético denegridos muitas vezes. Advogados são representados na mídia por pessoas de caráter duvidoso, ao contrário do que acontece nos EUA. Naquele país, as prerrogativas são respeitadas, a imagem do profissional é positiva. Daí a necessidade de lutarmos por nossos direitos, pelas nossas prerrogativas”, afirmou.
Na palestra “Gestão de escritório de advocacia”, a ex-presidente do Instituto dos Advogados do Paraná (IAP/PR) Rogéria Fagundes Dotti falou sobre as questões técnicas da criação e gestão de sociedades de advogados. A advogada reforçou a importância do trabalho em equipe para o sucesso de um escritório. “O princípio de tudo é a transparência entre os colegas e o respeito ao cliente. Toda organização tem valores. Um bom administrador deve ser fiel a filosofia que segue”, sustentou. A participação da mulher advogada na política da OAB foi tema da palestra da conselheira estadual Edni de Andrade Arruda. A advogada expôs sua experiência pessoal na luta por um lugar em um universo predominantemente masculino. “A ocupação dos cargos diretivos por homens dentro desta instituição é um retrato claro da realidade brasileira. A mulher não tem a participação política que deveria. Esta condição é fruto dos longos anos de ditadura que silenciaram gerações”, disse Edni. Para a conselheira estadual, é dever da mulher conquistar posições de destaque. “Nada nos será dado. É preciso lutar pelo direito”, afirmou.
A procuradora do Estado do Paraná Eunice Fumagalli Martins e Scheer propôs na palestra “A mulher e as carreiras jurídicas” uma reflexão sobre a escolha da autossuficiência da mulher, no que diz respeito à estrutura familiar. “Mesmo com os desafios da condução da família, a mulher consegue se superar, está construindo uma atividade independente do arrego masculino. Mas é importante que se pense nas consequências desta autossuficiência para as gerações futuras, que não terão a mãe tão presente quanto no passado”, disse.
Especialistas discutem papel da mulher advogada

