Começou na manhã deste sábado (6/12), na sede da OAB Paraná, o Hackathon de Engenharia de Prompts e Agentes Inteligentes — uma maratona de inovação que reúne profissionais do Direito, da tecnologia, do design e de outras áreas para desenvolver ferramentas práticas para o dia a dia da advocacia.
A iniciativa reúne 30 equipes inscritas e cerca de 160 participantes. “Além dos competidores, contamos com grupos de mentores e com as equipes responsáveis por auditar a precisão dos prompts e dos agentes inteligentes desenvolvidos. No domingo, teremos a atuação dos jurados na avaliação final”, explica o coordenador do Laboratório de Inovação da seccional, Rhodrigo Deda.
Segundo Deda, os projetos com maior viabilidade serão disponibilizados em um repositório organizado pela Comissão de Inteligência Artificial da OAB Paraná, permitindo que a comunidade jurídica possa utilizá-los e aprimorá-los. Ele destacou ainda que o evento só é possível graças ao trabalho conjunto das comissões da Ordem. “A Comissão de Inteligência Artificial, a Comissão de Direito Digital e Proteção de Dados e a Comissão de Inovação, Gestão e Empreendedorismo foram fundamentais para que este hackathon acontecesse, ao lado do Laboratório de Inovação e da ESA. É uma forma de aproximar a advocacia da tecnologia, garantindo que essas ferramentas estejam sempre a serviço da profissão, contribuindo para uma atuação mais estratégica e próspera”, frisou.
Propostas
As propostas apresentadas pelos participantes serão avaliadas por uma banca composta por especialistas das áreas jurídica e tecnológica, com base em critérios como inovação, aplicabilidade, validação da ideia, design e implementação, clareza da documentação, modelo de negócio e impacto social. As três equipes com melhor desempenho receberão premiação em dinheiro.
A equipe JurisdictIA trabalha em uma solução voltada à triagem de novos casos em escritórios de advocacia. Segundo o advogado Pedro Branco, a proposta se baseia no ditado latino “dame facto, dabo tibi jus” (Dê-me os fatos, e eu lhe darei o direito), transformando relatos enviados por áudio ou mensagem em um texto estruturado. A ideia é que, a partir desse material, a inteligência artificial identifique informações jurídicas e não jurídicas, classifique a área e subárea do Direito envolvida e organize em uma espécie de árvore processual, gerando um relatório preliminar.
A equipe Orgulho desenvolve uma ferramenta para solucionar a falta de informação entre advogados sobre direitos LGBTQIA+. A proposta se inspira no OABIA, plataforma da OAB Paraná dedicada a esclarecer dúvidas de profissionais sobre normas e procedimentos da advocacia, e pretende ampliar esse caráter informativo. A ideia, segundo a advogada Thais Saraiva, é oferecer conteúdo acessível e direcionado tanto a advogados que atuam em causas LGBTQIA+ quanto àqueles que pertencem à comunidade, para que possam compreender, localizar e defender seus próprios direitos e os de seus clientes.
O grupo liderado pelas advogadas Raissa Milanezi e Marina Sponholz trabalha para desenvolver uma ferramenta para ajudar o cidadão a identificar o golpe do falso advogado. A solução permitirá verificar rapidamente se a mensagem recebida é legítima e oferecerá orientações sobre como agir e onde denunciar caso a pessoa já tenha sido vítima. O projeto prioriza a integração com o WhatsApp, por ser o meio mais usado pelo público que costuma cair nesses golpes. A ideia da equipe é que, a partir do site da OAB, o usuário seja direcionado a um canal oficial no aplicativo, onde uma IA forneça informações imediatas, incluindo esclarecimentos básicos e alertas de cautela, suprindo situações em que o advogado não pode atender prontamente.
Inovação e impacto social
Entre mentores e participantes, a percepção é unânime: o evento se consolida como um espaço essencial de inovação, diálogo interdisciplinar e reflexão sobre o papel da inteligência artificial no Direito. A mentora Priscila dos Reis Olivetti, destaca a relevância do encontro ao contribui para o mercado com novas soluções tecnológicas. Segundo a advogada, o compromisso da OAB com a inovação já se tornou evidente ao longo das edições. “Estamos vivendo uma transformação desde os anos 2000, que nos impulsiona a buscar soluções tecnológicas aliadas ao Direito. Precisamos encontrar um equilíbrio entre ação humana, valores e leis”, ponderou.
O advogado e mentor Leonardo Donoso reforçou a importância social das propostas apresentadas. Ele observou que muitas equipes foram além das demandas internas da advocacia. “Achei muito interessante que várias ideias tentam resolver não apenas problemas jurídicos, mas também questões sociais. Vimos grupos preocupados em atacar problemas que não são eminentemente jurídicos, mas da sociedade como um todo”, frisou.
Entre os participantes, o estudante Luiz Antônio Didoni, do 4º período de Direito, ressaltou o papel da inteligência artificial e a importância da qualificação técnica no uso dessas ferramentas. “A IA está em tudo. Para nós, mais jovens, ela é muito acessível. Mas é fundamental lapidar essas ferramentas quando o assunto é Direito”, disse.
O impacto social das propostas apresentadas nesta edição também chamou a atenção da acadêmica de Direito Nátaly Cristine Batista: “achei muito interessante ver grupos preocupados em ampliar o acesso à Justiça para públicos específicos, especialmente aqueles que, por falta de conhecimento, acabam entrando com ações erradas”, destacou.
O evento é uma iniciativa do Laboratório de Inovação da OAB Paraná, realizada em parceria com as Comissões de Direito Digital e Proteção de Dados, Inteligência Artificial e Inovação, Gestão e Empreendedorismo.
O anúncio das equipes vencedoras acontece neste domingo (7/12), na sede da seccional.




