Doze anos depois de perder uma das pernas num grave acidente, o velejador Lars Grael está focado na campanha para competir nas próximas Olimpíadas, de 2012, em Londres. Não seria necessário dizer mais nada para provar que a vida do atleta é um caso exemplar de superação. Mas na palestra de encerramento da Semana do Advogado da OAB Paraná, na noite desta quinta-feira (12), em Curitiba, Grael mostrou que o acidente, embora o obstáculo mais importante da sua vida, não foi o único que precisou superar na carreira.
Lars Grael viaja o Brasil inteiro fazendo palestras, prática que se tornou uma principais atividades profissionais do atleta. Na OAB, o velejador fez um balanço da carreira, desde as primeiras conquistas, passando pelo acidente, até a volta a competições oficiais. Ele diz que procura impactar a vida das pessoas que o assistem da mesma maneira que, depois do acidente, encontrou suporte em pessoas que passaram por situações semelhantes. “Foi uma mudança muito grande, tive que reaprender a viver, a recomeçar”, diz Grael. “Busquei referência em pessoas que passaram por problemas parecidos e me ajudaram a repensar meus valores e encontrar sentido na vida, agora com uma deficiência física.”
Lars Grael ocupou cargos públicos, como o de Secretário Nacional de Esportes e Secretário da Juventude, Esporte e Lazer do Estado do São Paulo. “Sempre fui um ser politizado e crítico da gestão esportiva. Mas entendi que não basta criticar; é preciso fazer”, afirma. Hoje Grael diz ter encerrado sua participação na política, mas mantém uma visão crítica do esporte no Brasil. Para ele, o país coleciona muitas conquistas na área, mas ainda está muito voltado ao apoio a grandes competições, como Olimpíadas, Copa do Mundo e Jogos Pan-Americanos. Grael defende mais investimentos no que considera essencial para o esporte: valorização dos profissionais de educação física e esporte nas escolas públicas e particulares.
O velejador critica ainda a gestão das entidades desportivas, que considera amadora em sua maioria. “No esporte, não é o atleta que elege seus dirigentes. Eles se mantêm por anos e anos à frente das entidades e não aceitam críticas”, afirma. Segundo Lars Grael, o poder público não pode interferir na gestão dessas instituições, mas pode impor condições, por exemplo, para que elas recebam recursos públicos.