Ministro lamenta falta de estrutura da Justiça do Paraná

Os diversos problemas da justiça estadual, já conhecidos pelos advogados paranaenses foram apresentados formalmente ao corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, durante a audiência pública realizada quinta-feira (12) no Tribunal de Justiça. O presidente da OAB Paraná, Alberto de Paula Machado, lembrou que das 83 varas de justiça criadas em 2003, mais de 50 ainda não estão em funcionamento e que a estatização dos cartórios está prevista na Constituição. Confira a matéria publicada pelo jornal O Estado do Paraná:

Ministro lamenta falta de estrutura da Justiça do Paraná

O corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, ficou chocado com a carência de varas na Justiça Estadual do Paraná. O corregedor participou, ontem, de audiência pública promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na sede do Tribunal de Justiça do Paraná. A audiência fez parte da correição que o CNJ vem fazendo durante essa semana para avaliar os problemas da Justiça Estadual. Dipp classificou como inadmissível o fato de Curitiba, com quase 2 milhões de habitantes ter apenas quatro varas de família e outras quatro de fazenda pública. “Constatamos que o problema do Brasil se repete no Paraná. Com muita estrutura para o Tribunal e os desembargadores e pouca para o interior e a primeira instância. Faltam varas, faltam servidores, falta estrutura para o juiz de primeiro grau executar seu trabalho”, disse.

A questão da falta de varas foi levantada por diversos participantes da audiência pública, como o procurador-geral do Estado, Carlos Marés, o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Miguel Kfouri Neto e o presidente da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Alberto de Paula Machado, que lembrou que “em 2003 foram criadas 83 novas varas no Paraná e mais de 50 delas ainda não estão em funcionamento”. Dipp também ouviu queixa sobre os vencimentos e inexistência de plano de carreira dos servidores do Judiciário, falta de dotação orçamentária para a Justiça, extinção do cargo de oficial de justiça e, principalmente, morosidade. “A morosidade é o principal problema da Justiça do Brasil. A meta 2 (que prioriza os processos anteriores a 2005) é um avanço. O Paraná avançou bastante, nos últimos dois meses no julgamento de processos parados. Não importa se foi por conta da meta ou por conta da notícia da inspeção, estamos avançando”, disse o corregedor, lembrando que um dos motivos que gerou a inspeção era a existência de mais de 14 mil processo parados no Estado.

Paralelamente à audiência pública, uma equipe do CNJ ouviu, durante os últimos dois dias, reclamações particulares de partes ou advogados em processos. Segundo Dipp, o número de atendimentos aproximou-se de 500, um recorde nos 16 estados em que a inspeção já foi realizada.
“Isso mostra não só que a população tem reclamações, mas mostra, também uma politização benéfica da população, que contribui para o aprimoramento do Judiciário”, comentou.

Todas as informações colhidas no Estado constarão em um relatório que também apresentará as medidas a serem adotadas para solucionar os problemas. “Será um relatório que contribuirá com a eficácia, a redução do tempo de processos, a realização de concursos, a diminuição dos cargos em comissão e a transparência do Tribunal. A Justiça ainda é o poder público com menor transparência”, comentou.

Presente na audiência, o presidente do TJ, Carlos Augusto Hoffmann reconheceu que há problemas no Judiciário do Estado, culpou a falta de recursos por boa parte deles, mas não quis comentar nenhuma das reclamações específicas. “Tudo isso será objeto de um relatório e vamos cumprir as determinações do CNJ assim que publicadas”, disse. A previsão do CNJ é que o relatório sobre o Paraná seja concluído nos primeiros meses de 2010.
Dipp defende estatização dos cartórios judiciais
O ministro Gilson Dipp reconheceu que a situação dos cartórios judiciais e extrajudiciais é, além da morosidade, um dos problemas mais graves da Justiça. Ele informou que a questão dos cartórios não foi tratada pela inspeção realizada no Tribunal de Justiça do Paraná porque há equipe especial do CNJ responsável pelo levantamento da situação dos cartórios em todo o País. Mesmo assim Dipp aproveitou para defender a estatização dos cartórios judiciais. “O Paraná talvez seja o estado com maior número de cartórios judiciais privatizados. Sabemos que muitos cartorários são eficientes, mas outros são praticamente donos de cartório, que prestam serviço precário”, disse o ministro, ao citar que não há investimentos nas unidades, onde os funcionários são mal remunerados e o atendimento é precário. O ideal é que eles sejam estatizados”, destacou Dipp.

O presidente da OAB-PR, Alberto de Paula Machado lembrou que a estatização dos cartórios é prevista na Constituição de 1988. O ministro Dipp classificou, também, como “muito grave” a situação dos cartórios extrajudiciais no Estado, muitos deles com titulares não concursados, “constatada pelo elevado número de processos em tramitação no CNJ, relacionados a impugnações de permutas e remoções de cartorários”. Dipp lembrou que há resolução do CNJ recomendando concurso para todas as vagas em cartórios e que assim que essa equipe termine levantamento sobre as vagas em todo o País o CNJ baixará determinação para que sejam feitos concursos.

Fonte: O Estado do Paraná

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *