Confira a mensagem da Comissão de Estudos da Violência de Gênero para este 8 de março:
Mais voz para as mulheres
Somos muitas. Em número, maiores. Mas ainda temos menos. Menos direitos, menos chances, menos representação, menos cargos, menos salário; em suma, menos voz e menos vez.
Os avanços jurídicos alcançados nos últimos anos sob a ética da igualdade plena da Constituição de 1988 ainda não se tornaram realidade para as mulheres. Seja para as que sofrem diretamente ou que ainda convivem com a violência doméstica sistemática e culturalmente tolerada; que ainda não têm os mesmos salários que os homens, recebendo 1/3 a menos para desempenhar a mesma função; e que não conseguem ascender aos postos decisórios de poder em igualdade de condições – baste ver os chefes dos poderes públicos e privados para tanto.
É para as mulheres — todas as mulheres — que o dia 08/3 se levanta como um divisor de águas.
Um limite que olha para o passado e aplaude os avanços. Dentre eles, a Lei Maria da Penha, completado seu primeiro decênio de êxito em tornar pública a endêmica violência às mulheres no âmbito doméstico e familiar, como emblema da mudança do tratamento jurídico da condição feminina submetida ao subjugo da força.
Um marco do tempo presente que ainda medeia avanços e retrocessos que se agravam com iniciativas legislativas e medidas retrógradas que interferem na autonomia e liberdade substancial da mulher de poder tomar decisões. Cenário que se agudiza quando vulnerabilidades se somam sobre a condição feminina. A situação frágil das meninas. O agravante racial como fator maximizador das iniquidades. As mulheres das classes mais baixas vulneradas pela exposição econômica e social e sem amparo da previdência e assistência estatais.
Mas o 8/3 é também um iniciador do tempo futuro. Reafirma nossa crença na implementação dos direitos das mulheres, como a racionalidade de resistência e plataforma emancipatória, inspirada na capacidade transformadora da realidade.
Lutamos hoje para um amanhã menos desigual para nós e para a geração de mulheres do porvir, que, esperamos, possam ler este manifesto como um sinal de seu tempo e não um diagnóstico de sua realidade.
Comissão da Mulher Advogada e Comissão de Estudos da Violência de Gênero (Cevige) da OAB Paraná