OAB Paraná Celebra Centenário de Dalton Trevisan com Evento “100 Anos do Vampiro de Curitiba”

O centenário de nascimento do escritor curitibano Dalton Trevisan foi celebrado na OAB Paraná na noite de segunda-feira (16/6) no encontro “Dalton Trevisan – 100 anos do vampiro de Curitiba”. A mesa de debates reuniu especialistas e entusiastas da literatura trevisaniana, que aprofundaram a discussão sobre o legado do “Vampiro de Curitiba”. A celebração ressaltou a importância do escritor e a conexão com a capital paranaense, cenário e inspiração para grande parte de suas narrativas.

Três palestrantes compartilharam suas perspectivas e análises sobre a obra do homenageado – Christian Schwartz, que está escrevendo uma biografia do vampiro a ser lançada nos próximos meses pela editora Todavia; Fabiana Faversani, gestora do legado de Dalton Trevisan; e Guilherme Shibata de Souza, advogado e professor de literatura. Compuseram também a mesa a coordenadora da Escola de Iniciação da ESA, Raissa Milenezi, e o advogado Paulo Silas Taporosky Filho, representante da Comissão de Assuntos Culturais da OAB Paraná.

Novo público

“Não há homenagem mais significativa do que ler Dalton Trevisan”, ressaltou Guilherme Shibata de Souza antes de ler e comentar o conto “Caso de Desquite”. Para o professor é muito importante apresentar a obra a um público mais novo, gente diferente. “Sem bairrismo nenhum: Dalton ainda está por ser espalhado”.

Christian Schwartz começou sua exposição lembrando a publicação de “Novelas Nada Exemplares”, em 1959. Foi, segundo ele, um processo editorial que durou três anos e deixou o escritor frustrado com Editora José Olympio. “Em busca de mais leitores ele passou a publicar brochurinhas mais compactas com um número menor de contos. Era na Papelaria Requião que ele rodava uns 300 exemplares de cada brochura. Isso deu origem ao segundo livro do Dalton, o Cemitério de Elefantes. A edição comercial, pela Civilização Brasileira, é de 1965, com o conto aperfeiçoado do que havia sido uma brochura – edição rara – em 1962”. Schwartz também contou que a documentação do próprio escritor, como diários e correspondências, que permitem acompanhar bem os bastidores de sua obra.

Manifestos

Fabiana Faversani destacou a precocidade de Dalton Trevisan, que ainda adolescente editou as revistas Tingui e Iguaçu. E também falou da militância como estudante na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. “Junto com Francisco Brito de Lacerda (que presidiria a OAB Paraná de 1975 a 1977), ele era um dos redatores da Folha Acadêmica”, citou. Naqueles meados dos anos 1940 o mundo vivia o fim da 2ª Guerra. Os manifestos se opunham ao integralismo e à ditadura Vargas, ressaltou ela antes de ler um trecho de um “ineditorial” de 1947, com considerações sobre o curso de Direito.

O evento reforçou a relevância de Dalton Trevisan no panorama cultural do Brasil, reafirmando seu status como um dos mais importantes contistas do país. Antes do encerramento, Paulo Silas Taporosky Filho ressaltou que a Comissão de Assuntos Culturais mantém um grupo de trabalho sobre direito e literatura paranaense. A pedido de Raíssa Milanezi, o presidente da OAB Paraná, Luiz Fernando Casagrande Pereira, presente na plateia, encerrou o evento. “Temos o registro do Dalton Trevisan como advogado, embora a atividade não tenha sido o ponto alto de sua biografia. Digo isso para destacar a obra literária e agradecer por essa noite deliciosamente fora do script do que costuma ocorrer nesta Sala do Conselho”.

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