A OAB Paraná encerra 2025 com um conjunto robusto de ações dedicadas ao enfrentamento do golpe do falso advogado, prática criminosa que se disseminou nacionalmente e já vitimou cerca de 17,5 mil pessoas em todo o país. Somente no Paraná, a instituição registrou 964 denúncias formais no primeiro semestre, número que evidencia a gravidade e a complexidade do problema.
Para responder ao avanço das fraudes, a OAB Paraná adotou uma estratégia multifrontal, combinando medidas judiciais, campanhas de esclarecimento, comunicação ativa com a sociedade e apoio direto às autoridades responsáveis pela investigação, além de manter uma plataforma de denúncia para que as vítimas relatem o golpe que sofreram.
Entre as iniciativas de maior impacto, destaca-se a propositura de uma Ação Civil Pública voltada a responsabilizar a Anatel e a União por falhas de fiscalização e regulação que facilitam a atuação de golpistas. A ação também inclui, de forma subsidiária, a empresa Meta/WhatsApp, pela ausência de mecanismos eficazes de identificação e bloqueio de contas utilizadas por criminosos.
Confira os principais destaques dessa trajetória de enfrentamento:
Ação integrada e se torna referência nacional
Desde o início do ano, a Comissão de Inteligência e Combate ao Golpe do Falso Advogado ampliou sua atuação, reunindo dados, coordenando denúncias e aproximando a advocacia das autoridades responsáveis pelas investigações. (leia mais aqui) O trabalho contínuo permitiu mapear padrões de atuação criminosa e subsidiou operações policiais (saiba mais).
Ao longo de 2025, representantes da Comissão realizaram reuniões quinzenais com o delegado Tiago Dantas, da Polícia Civil, acompanhando o avanço do inquérito, que já identificou suspeitos e colheu depoimentos de vítimas. O envio de denúncias pela OAB-PR — inicialmente quinzenal e, posteriormente, semanal — fortaleceu diretamente as investigações (relembre aqui).
Parcerias com Judiciário, MP e plataformas ampliam proteção de dados
Entre maio e julho, a OAB Paraná intensificou o diálogo com instituições que detêm informações sensíveis frequentemente utilizadas por golpistas.
Em reunião com a presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), Lídia Maejima, representantes da OAB Paraná discutiram o alinhamento institucional e a criação de fluxos e procedimentos voltados à proteção de dados e informações pessoais e processuais, com foco na prevenção e combate ao golpe do falso advogado.
Na Justiça Federal do Paraná foram estabelecidas diretrizes conjuntas para ampliar a proteção de dados e conter a origem das fraudes. Foi criado o Observatório da Internet para monitorar dificuldades no uso de redes nos prédios da JF e aberto canal direto com o Departamento de Informática para atendimentos emergenciais.
Em diálogo com o TRE-PR foram adotadas medidas para reforçar a segurança de dados processuais e aprimorar a integração entre sistemas, prevenindo vazamentos (veja mais).
A OAB Paraná, o Ministério Público e a Delegacia de Estelionatos alinharam protocolos para agilizar investigações e responsabilização de criminosos.
Inovação
Em movimento pioneiro, a OAB Paraná firmou uma colaboração técnica com o Jusbrasil para criar protocolos que limitem o uso indevido de dados processuais extraídos de plataformas públicas. O acordo equilibra transparência e segurança jurídica, além de prever a participação do portal em campanhas educativas.
Diálogo direto com a Meta busca bloqueio mais rápido de contas falsas
Outra frente estratégica ocorreu em agosto, quando dirigentes da OAB-PR se reuniram com representantes da Meta, responsável por plataformas amplamente utilizadas pelos golpistas. Foram debatidos mecanismos de bloqueio rápido de contas suspeitas e fluxos de resposta que possam interromper o ciclo do golpe (relembre aqui)
ACP cobra medidas estruturais de Anatel, União e Meta
Em setembro, o Conselho Pleno da OAB Paraná aprovou por unanimidade a propositura de uma Ação Civil Pública para responsabilizar Anatel e União por falhas de fiscalização e regulação do setor de telecomunicações que permitem a atuação de criminosos. A ACP inclui também, de forma subsidiária, a Meta/WhatsApp, pela ausência de mecanismos eficazes de identificação e bloqueio de contas falsas.
A ação solicita medidas estruturais como validação biométrica, recadastramento de linhas e ferramentas automatizadas de bloqueio, visando cortar o problema na origem.
Cartilhas, plataforma de denúncias e orientação contínua
A OAB Paraná lançou duas cartilhas — uma para a população e outra técnica, voltada à advocacia — com orientações práticas para detectar abordagens fraudulentas e verificar a autenticidade de profissionais.
A plataforma de denúncias também recebeu melhorias, passando a permitir inclusão do número de boletim de ocorrência e integração às investigações de maior alcance.
Em abril, a seccional realizou encontros com delegados e presidentes de comissões para apresentar práticas de prevenção e reforçar a importância de que advogados mantenham seus cadastros atualizados.
Mobilização estadual leva orientação diretamente às ruas
No dia 19 de novembro, a OAB Paraná realizou um grande ato unificado em todas as regiões do estado, levando informação diretamente à população. Advogados e advogadas distribuíram materiais informativos e conversaram com cidadãos sobre formas de identificar golpes.
Para a coordenadora do Colégio de Presidentes de Subseções, Lisiane de Campos, a mobilização mostrou “a força conjunta da advocacia na defesa da sociedade”. O secretário-geral adjunto da Ordem, Eder Fabrilo Rosa, reforçou que a ação “é parte do compromisso da OAB com a proteção dos jurisdicionados, muitas vezes vulneráveis e com pouco acesso à informação”.
Informação em massa: mais de 2 milhões de pessoas alcançadas
A atuação da OAB Paraná ganhou forte repercussão na imprensa, envolvendo veículos como RPC/Globo, UOL, Band Nacional, BandNews FM, Tribuna do Paraná e Rede Massa. As entrevistas divulgaram orientações preventivas, detalharam o golpe e reforçaram o uso das cartilhas e da plataforma de denúncias (leia mais aqui).
Resultados concretos
A atuação integrada entre a OAB Paraná e órgãos de investigação resultou na prisão de uma quadrilha de estelionatários pela Polícia Civil do Paraná e do Ceará na primeira fase de investigação do golpe. As investigações tiveram início a partir de denúncias encaminhadas pela seccional, reforçando o impacto das ações coordenadas ao longo do ano.
“Encerramos 2025 com a certeza de que a OAB Paraná cumpriu seu papel. Enfrentou o golpe do falso advogado dentro daquilo que lhe cabe e com seriedade, estratégia e responsabilidade institucional. Nosso trabalho foi além da denúncia e apoio institucional para a prisão de criminosos. Estruturamos parcerias, aprimoramos canais de proteção de dados, fortalecemos investigações e levamos informação à população em todas as regiões do estado. Seguiremos vigilantes. Enquanto houver criminosos tentando fragilizar a confiança da sociedade na advocacia, a OAB Paraná estará ao lado dos jurisdicionados e dos profissionais, liderando ações firmes, qualificadas e integradas. Este é o compromisso que nos move, e é com ele que avançaremos em 2026”, destaca o coordenador da Comissão de Inteligência e Combate ao Golpe do Falso Advogado, Leandro Pereira.
“A atuação integrada da OAB Paraná, unindo inteligência, investigação e informação à sociedade, trouxe resultados concretos: auxiliamos diretamente operações policiais, ampliamos canais de denúncia, construímos protocolos com Judiciário, Ministério Público e plataformas digitais e avançamos na responsabilização institucional com a propositura da Ação Civil Pública. Os próximos passos seguem o mesmo rumo: reforço das parcerias, monitoramento permanente dos fluxos de segurança, atuação jurídica estratégica e campanhas educativas que mantenham a população e a advocacia protegida. O golpe evolui, e a nossa resposta também. A OAB Paraná seguirá atenta, mobilizada e tecnicamente preparada para proteger os jurisdicionados e a imagem da advocacia”, destaca a advogada Bárbara Ferrassioli, integrante da Comissão de Inteligência e Combate ao Golpe do Falso Advogado e presidente da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais.
