Presidente da Seccional fala sobre ética em entrevista para jornal paranaense

O presidente da OAB Paraná, Alberto de Paula Machado, foi personagem do suplemento semanal Folha Gente, publicado aos domingos pelo jornal Folha de Londrina. A ética na profissão e na vida foi o tema principal da entrevista concedida para jornalista Kátia Michelle. Confira o texto na íntegra, publicado na edição do dia 1º de novembro:

Ética para viver
Primeiro advogado do Interior a integrar o conselho da OAB-PR, nos anos 1990, o paranaense Alberto de Paula Machado se prepara agora, duas décadas depois, para deixar a presidência da instituição

O termo pode até ter virado moda, mas pouco gente sabe o verdadeiro significado da ética. Para o advogado Alberto de Paula Machado, atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), mais do que o conceito, a ética é uma premissa que deve ser seguida profissional e pessoalmente. Uma busca constante que pode garantir a realização e o sucesso.

Nascido em Curitiba e formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Machado é catedrático ao afirmar que a ética deve pautar o desenvolvimento humano. Essa é a receita que ele seguiu desde que se formou, e pretende continuar buscando até o fim de sua lucidez. ”Uma das características da advocacia, aliás, é que o advogado não tem idade para parar de trabalhar, desde que esteja sempre atualizado”, salienta.

Ele, porém, está bem longe de pensar em deixar a carreira. Aos 48 anos, casado, e com duas filhas cursando Direito, Machado foi o primeiro advogado do interior do Estado a assumir o cargo de conselheiro estadual da OAB, nos anos 1990, com apenas dez anos de conclusão do curso. De lá para cá, sua carreira foi dedicada à advocacia trabalhista até ser chamado para se candidatar à presidência da instituição que representa os advogados paranaenses. ”Para mim foi uma surpresa”, lembra. Isso aconteceu há três anos e, agora, o paranaense radicado em Londrina corre contra o tempo para deixar o mandato – que encerra em dezembro – para o sucessor, e faz uma avaliação positiva das conquistas do período.

Uma delas, ele reforça, foi a implantação da Escola de Formação Profissional da OAB, que nos últimos três anos atendeu 14 mil advogados em cursos de reciclagem. Atualização e reciclagem, aliás, estão entre as prioridades da advocacia, como salienta Machado. Para ele, o advogado precisa estar em constante atualização porque as leis mudam constantemente. A partir daí, ele pauta as principais características que são imprescindíveis para seguir uma das carreiras mais cobiçadas do País: ser uma pessoa ética, íntegra e manter-se sempre atualizado. ”A ética é a grande referência dos profissionais, além do conhecimento técnico, claro”, garante.

Sem nenhuma influência familiar da profissão na carreira, Machado soube que queria cursar Direito já na adolescência, quando se envolveu com o grêmio estudantil do Colégio Marista de Londrina, onde estudou. Ele mudou-se aos 10 anos para o Norte do Estado com a família, os pais e três irmãos, para acompanhar o patriarca, que trabalhava com café. Pouco tempo depois, na escola, começou a fazer parte dos movimentos estudantis. Como viveu numa época em que esse tipo de movimento era muito forte, em contrapartida aos últimos anos do governo militar, ficou impressionado com questões que envolviam o judiciário. ”Quis seguir a carreira porque entendi que o advogado é um instrumento da Justiça”, revela.

Então, como ele avalia a falta de credibilidade da Justiça e a proliferação de cursos de Direito que contribuem para a má-formação dos profissionais? Para ele, é dever dos bons advogados mudar essa avaliação. Machado acha um absurdo por exemplo, o índice de reprovação no exame da Ordem, necessário para exercer a profissão depois da formatura. Segundo ele, o índice de 75% é inaceitável. ”Por isso, há grande pressão da OAB para que não sejam criados novos cursos de Direito e, sim, qualificados os já existentes”.

Dedicado a questões que busquem mudar essa realidade, Machado se prepara para voltar a Londrina em dezembro, depois que deixar a presidência da OAB. Por enquanto ainda dedica quase 12 horas diárias (que às vezes podem ser ampliadas) ao trabalho, fazendo pausas apenas para as caminhadas no Lago Igapó, quando está em Londrina, ou na esteira, quando está em Curitiba, antes de começar a estafante jornada diária. ”Mas já me acostumei e não quero parar tão cedo”, diz. Até lá, a dedicação ao trabalho e à família, sempre pautado nos valores éticos, é mais do que uma premissa, é uma vocação.

Fonte: Folha de Londrina

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