Luís Henrique Pellanda é o convidado de programa de leitura mantido pela OAB-PR no Complexo Médico Penal

O Complexo Médico Penal (CMP) realizou, nesta terça-feira (9/12), a 22ª edição do Programa Direito Fundamental à Leitura, iniciativa da OAB Paraná lançada em novembro de 2024 por Marilena Winter, então presidente da seccional e atualmente conselheira federal da Ordem, e ratificada nesta gestão pelo presidente Luiz Fernando Casagrande Pereira, mediantes convênio com o Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Deppen), celebrado no início de 2025. Conduzido pela Comissão de Assuntos Culturais, o programa começou com apenas 12 participantes. Hoje, reúne 38 mulheres e se converteu numa das principais atividades oferecidas às mulheres encarceradas no CMP.

Nesta 22ª edição, o convidado do encontro foi o escritor Luís Henrique Pellanda, que leu e comentou com o grupo a crônica “Sabiá de Guerra”, originalmente publicada no jornal Gazeta do Povo no dia 21 de junho de 2014, e depois incluída no livro “Calma, estamos perdidos“, lançado em 2019 pela editora Maralto. Antes de se apresentar, Pellanda contou que a partir de uma iniciativa de um Centro de Socioeducação, a crônica tem sido trabalhada em atividades com pessoas em privação de liberdade. “Depois da leitura, na conversa com o público, sempre descubro novas perspectivas e interpretações. O ciclo se completa”.

Desde julho, o programa foi estendido também à ala masculina do CMP, sendo organizado pelo advogado Daniel Montoya, membro da Comissão de Assuntos Culturais da OAB Paraná. Para a leitura desta terça-feira, foram convidados homens e mulheres. O grupo ouviu a crônica com extrema atenção. No momento de interação, foram diversas as participações de quem quis compartilhar finais alternativos para a história narrada.

Biblioteca

A abertura da reunião contou com falas de integrantes da equipe organizadora. Maria Ângela de Novaes Marques, mediadora de leitura e consultora da Comissão de Assuntos Culturais da OAB Paraná, ressaltou a trajetória do projeto e o esforço coletivo que vem ampliando o acesso à literatura no CMP. “Temos aqui na unidade uma biblioteca em formação, com cerca de mil livros já em processo de catalogação. A inauguração do espaço está prevista para os próximos meses”, anunciou.

A unidade passou, em julho, por mudanças estruturais importantes, como o fim das celas solitárias — processo documentado e posteriormente doado ao Museu da Imagem e do Som.

Origem

Marilena Winter relembrou que o projeto nasceu após uma provocação feita por uma mulher que, depois de passar pouco mais de 50 dias na unidade, relatou que as detidas não tinham nada para fazer durante o dia. “A partir dessa fala, buscamos trabalhar com a comissão, contando com o trabalho dedicado de muitas voluntárias e voluntários”.

A conselheira federal também frisou que ao longo de 2025 a iniciativa se consolidou e deve ser gradualmente ampliada. Para 2026, a gestão do CMP estuda implementar a remição de pena pela participação nas atividades de leitura.

O diretor do CMP, René Fernandes, reforçou que os servidores envolvidos no programa vão além de suas obrigações formais, demonstrando compromisso com um modelo de atuação pública orientado à dignidade humana. Para ele, “a forma como o trabalho é feito é muito mais importante e representativa”.

Presenças

A roda de leitura também contou com a procuradora geral da OAB Paraná, Marion Bach, com a presidente da Comissão de Direitos Culturais, Oksana Meister, e de outros integrantes da comissão – Ilka Almeira Passos, Laura Nogarolli, Aurélio Peluso, Lucia Biscaia, Adelaide Strapasson e Noemia Fontanela, além da integrante da Comissão de Direitos Humanos, Dayane Candatten.