Professores da ESA relatam como foi a ocupação do prédio histórico da UFPR

 

Os advogados Sandro Kozikoski e Priscilla Placha Sá, professores da Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB Paraná, presenciaram na noite de quinta-feira (3) o momento em que o prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi ocupado. Ambos haviam acabado de concluir suas aulas quando um grupo de pessoas com máscaras entrou na faculdade, impedindo a entrada e a saída de pessoas que estavam no local.

“Para que o debate sobre os fatos tenha a dimensão que se deve ter, registro que não se tratou – diversamente do que já está se anunciando – inclusive na escadaria da Faculdade, logo após a "ocupação", de algo pacífico por parte de quem o ocupou. Eu estava na porta da Faculdade encostada na entrada conversando com alunos e alunas, ao final da aula. De uma hora para outra, surgiram diversas pessoas com máscaras e capuz, inclusive de dentro da própria Faculdade, e outras tantas começaram a empurrar para dentro quem estava fora (como eu) e impedir que outras pessoas saíssem”, relatou a advogada Priscilla Placha Sá.

A advogada conta que ela e alguns alunos que estavam fora da faculdade foram comprimidos contra a porta de entrada. “Já com cadeados e correntes eles queriam trancar a porta, até que foram quebrados os vidros da porta de entrada. Com a quebra, os vidros machucaram um aluno que estava fora e outro que estava dentro. Agrediram uma aluna que tentava sair, que começou a chorar desesperadamente; outro aluno ficou machucado no braço. Houve boatos que usaram, inclusive, gás de pimenta”, disse.

O professor Sandro Kozikoski também foi impedido de sair. “Solicitamos por diversas vezes que liberassem as pessoas que não queriam ficar, inclusive, a moça da portaria que estava passando mal e que não houvesse nenhuma violência”, afirmou Priscilla.

“Não me cabe discutir ou me apropriar do movimento estudantil, embora tenha sido evidenciado (nas falas de quem ocupou e de alunos e alunas da Faculdade) que fora acordada uma assembleia a se realizar na próxima segunda-feira para que se discutisse a ocupação da Santos Andrade, procedimento que, pelo que disseram, fora o adotado em todos os outros Campus, mas não aqui”, relatou Priscilla, reforçando que distintamente do que foi visto em outros lugares, a alegada pacificidade na ocupação não se deu no local. 

Sandro Kozikoski relatou que diante da movimentação de pessoas com máscaras nas escadarias, resolveu retornar para dentro do prédio com intuito de avisar o funcionário responsável por fechar as salas. “Queria avisá-lo da presença daquelas pessoas. Mas na sequência, os mascarados entraram no prédio e trancaram a porta central com cadeados. A vigilante que tentou resistir levou um spray de pimenta e teve uma crise de choro e convulsão”, contou.

“Um cidadão que discutia com os alunos se dizia advogado do movimento. Disse a ele que era necessário tirar a moça e os demais alunos que estavam por ali. Depois de muito bate-boca, ele autorizou que os encapuzados abrissem a porta. Lamentável, porque nesse intervalo já tinham móveis servindo de barricada”, apontou Kozikoski.

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