O advogado Eduardo Rocha Virmond ressaltou na manhã desta quinta-feira (24) a dedicação da categoria em prol do ideal da democracia. “Temos uma vantagem em relação às outras classes. Aqui os 7 mil presentes estão em busca apenas do conhecimento, da ética. As pessoas envolvidas neste histórico evento buscam os fins maiores da advocacia: a liberdade e a democracia”, afirmou.
Virmond presidiu a OAB Paraná de 1977 a 1979, período em que o país vivia sob o controle de uma ditadura militar. Teve importante atuação na defesa das garantias fundamentais e do Estado Democrático de Direito. Foi anfitrião da histórica conferência de 1978 que marcou o início da luta institucional pelo fim da ditadura no Brasil.
Confira a seguir íntegra do discursso proferido pelo advogado na abertura da XXI Conferência Nacional dos Advogados:
A Ordem é incorruptível
Tenho a honra e a satisfação de representar os sucessores de Raymundo Faoro, autorizado aqui pelo advogado André Faoro. E por mim mesmo manifestar os nossos agradecimentos pela homenagem que estão nos prestando, com esse ardor e sensibilidade de presidente Ohpir Cavalcanti , presidente estadual José Lucio Glomb e de todos os advogados aqui presentes.
Fizemos em Curitiba a conferencia de 1978, com a divisa Estados de Direito, fomos bem sucedidos. Começou com o meu pronunciamento, como anfitrião, seguido do notável Raymundo Candido e encerrada a sessão inaugural pelo nosso Raymundo Faoro. No jantar de encerramento preparei uma surpresa, com o coral Pro Música. Fiz 1800 advogados ficarem em pé, cantando junto o Hino da República, assim, “liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós. Houve choros de emoção e explosões de alegria.
Vamos falar de Ordem, de momentos importantes de sua história. A sua criação, em 1932, cujo agente principal foi Oswaldo Aranha. Em 1944 foi elaborado o manifesto contra a ditadura de Getulio Vargas. 1978 foi um bom ano, começou com o parecer do consultor geral da república, ministro Luiz Rafael Mayer, desfazendo a incorporação da Ordem ao ministério do Trabalho, que havia sido ordenada pelo Ministro Buzaid. Parecer muito fundamentado, assinado pelo Presidente da República, portanto com força de lei.
Em maio, consolidou-se esse destino com a nossa VII Conferência, em que denunciamos outra vez o AI5, pedimos o Estado de Direito e o Respeito Integral aos direitos fundamentais.
O presidente Ernesto Geisel afirmou ao Luiz Rafael Mayer que estava satisfeito, porque o impulso que recebeu dos advogados foi muito forte. Então revogou o AI5, o que ele tinha prometido que faria antes de deixar a Presidência.
E agora, SUPREMO TRIBUNAL acaba de eliminar a tentativa de que a horda de bárbaros descontentes destruíssem a Ordem. Não somos gratos, não se agradecem essas coisas, Ministros. Somos reconhecidos, ficamos sensibilizados.
Na porta do Inferno está escrito “lasciate ogni speranza voi ch’entrate”. Não vamos entrar, vamos resistir. A degradação moral que quer tomar conta do Brasil não poderá seguir em frente. Essa corrupção ameaça a liberdade, constrange o Estado de Direito, contamina a democracia.
A esperança não está perdida. Teremos de nos interessar pelo aperfeiçoamento das instituições democráticas, pela eliminação dos bolsões de miséria que assolam nosso País.
Somos brasileiros, brasileiro não desiste. Precisamos continuar a nossa lida em favor da liberdade, de nossa liberdade e da liberdade de todos. Vamos perguntar a nosso vizinho, o nosso freguês do lado o resultado do futebol. Todos queremos ficar nisso, em paz.
Brasileiros, a Ordem é indestrutível, tem sua tarefa eterna de lutar pela liberdade. E é que continuaremos a fazer agora, imediatamente.
EDUARDO ROCHA VIRMOND