Maternidade e cárcere são abordados no I Seminário de Encarceramento Feminino e Políticas Públicas

O segundo dia do I Seminário de Encarceramento Feminino e Políticas Públicas do Paraná, organizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário (ESPEN) começou com a apresentação do painel “Maternidade no Cárcere e Infância Aprisionada”, mediada por Rita de Cassia Rodrigues Costa Naumann.

A primeira palestra do painel foi ministrada por Gabriela Reyes, que falou sobre “Histórico de violência, maternidade e estilos parentais”. Reyes ressaltou que na formação da criança é importante analisar a qualidade do ambiente em que a criança está inserida. “Filho de peixe, peixinho não é! Peixinho se torna devido às condições em que ele vive”, afirmou. A doutora em encarceramento feminino defende o exercício da maternidade pelas presas. “O fato delas estarem atrás das grades não tira o direito de serem mães. Quando as crianças estão dentro, com as mães, nós estamos cuidando delas. Quando elas estão fora, não sabemos onde, com quem e como elas estão”, argumentou.

A professora Mariana Barcinski falou sobre “Encarceramento Feminino, Afeto e Sexualidade”.  As mulheres de periferia, em sua opinião, enxergam o crime como uma saída para a invisibilidade. “Elas se tornam visíveis, poderosas e podem também subjugar outras mulheres. Entretanto, quando encarceradas vivem em condição de abandono, não recebem visitas, seja porque os companheiros estão presos, seja porque a família está sobrecarregada cuidando dos seus filhos ou, até mesmo, porque está sendo punida por ter entrado no crime”, detalhou.

Janaina Fátima de Souza Rodrigues, diretora do Centro Social Marista Estação Casa, falou sobre “Atenção às Crianças e Mães Privadas de Liberdade no Paraná”. Ela explicou que existem casos em que os filhos são tirados com 30 dias e outros em que as crianças ficam com as mães até os 3 anos. “Em 70% dos casos, as crianças conseguem ficar com as mães até o fim da pena. É importantíssimo para estabelecer a relação materna”, frisa.

O I Seminário de Encarceramento Feminino e Políticas Públicas do Paraná seguirá nesta quinta-feira (1/12) com a apresentação do painel “Políticas Públicas e o Protagonismo Acadêmico Profissional”, mediado por Renata Himovski Torres; a troca de experiências de pesquisa e extensão na perspectiva do encarceramento feminino, feita pelas professoras Gabriela Reyes e Mariana Barcinski; e a exposição de iniciativas acadêmicas sobre pesquisa e extensão com mulheres privadas de liberdade e apontamentos teóricos sobre o panorama atual do encarceramento feminino, coordenada por Gabriela Reyes. O encerramento do evento ficará a cargo da advogada Priscilla Placha Sá, com a leitura da Carta de Curitiba pelas Mulheres Privadas de Liberdade e Egressas do Paraná.

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