Ato público do movimento “O Paraná que Queremos” completa oito anos

Completa hoje oito anos o ato público que marcou o auge do movimento “O Paraná que Queremos”, lançado pela OAB Paraná em 2010, após a série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV, revelar irregularidades na Assembleia Legislativa do Paraná.  As pessoas que participaram do Dia da Cidadania, realizado pela OAB Paraná no dia 26 de maio, tiveram a oportunidade de relembrar o movimento e de manifestar o que esperam hoje para o estado onde vivem.

Diante dos fatos e da indignação de toda a sociedade paranaense, o então presidente da seccional da OAB no estado, José Lucio Glomb, lançou o movimento o Paraná que Queremos. O objetivo foi defender o combate à corrupção pedindo mais transparência na gestão pública. A iniciativa contou com o apoio de centenas de entidades e milhares de paranaenses.

Memória

Por meio de vídeo com depoimentos gravados e de um painel infográfico, e estande mostrou como se desviavam salários de funcionários fantasma para parlamentares da casa. A “contratação” era acobertada por atos secretos divulgados em “Diários Oficiais” da própria Assembleia, que não seguiam uma numeração padrão nem circulavam fora da casa.

Os cidadãos também puderam depositar em uma urna mensagens sobre qual Paraná querem hoje. Foram 98 participações ao longo do dia. Entre desejos da garantia de direitos básicos, como saúde e educação, mais empregos e até felicidade, se destacavam os pedidos “menos corrupção”, “sem corrupção!” e “políticos honestos”.

Renovação e dignidade

Outras mudanças no sistema político também foram defendidas, como “renovação na política, sem as famílias tradicionais” e que as obras contratadas tenham data determinada e sejam de fato concluídas. Demandas básicas também foram frequentes, como resumiu o cobrador Luiz Carlos de Souza: “Eu quero um Paraná com mais saúde, segurança, respeito, aos idosos e às crianças. Enfim, um Paraná com dignidade e menos desigualdade”.

A disparidade social também foi mencionada pela enfermeira Ivone: “A mudança deve ser grande, iniciando pelos governantes que têm salários enormes, enquanto a população em geral ganha um salário mínimo. Os preços são altos. Se assim não fosse, teríamos mais oportunidades”.

Os mais otimistas também se manifestaram: “Já é muito bom, mas pode melhorar, se os políticos fizerem a sua parte, assim como a população. Me sinto bem, gosto do Paraná”, disse o aposentado José Luciano. Outra pessoa, que não se identificou escreveu o seguinte: “O Paraná é maravilhoso. Mas a saúde deixa a desejar, faltam médicos. Quero educação para os netos, mais oportunidades para os velhos”.

Contrapartida tributária

As pessoas também aproveitaram para mencionar demandas que sentem em sua rotina, como atendente Ivanilde, que sonha com um sistema de transporte melhor e com mais facilidade para retirada de documentos; ou um estudante que espera que a desigualdade entre a escola pública e a particular deixe de existir. Outros anseios da população são mais oportunidades de trabalho, ajuda aos moradores de rua e, como manifestou o representante José Liberato, mais contrapartida para a carga tributária.

Temas relacionados à garantia de direitos também foram citados, com desejos de Lei Maria da Penha mais rígida, políticas voltadas para a diversidade, mais igualdade racial e liberdade de cátedra.

Houve quem tenha usado o recurso para refletir: “O que eu tenho feito para exigir um Paraná melhor?”, questionou o escrito Gerson Tasca. Um dos participantes resumiu por onde se pode iniciar a construção do Paraná que Queremos: “Que as pessoas comecem as mudanças que cobram dos outros por elas mesmas”, afirmou o policial rodoviário Federal Victor Schmidt.