OAB Paraná recebe ministro Luiz Edson Fachin

A OAB Paraná recebeu nesta sexta-feira (10) o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Fachin foi recepcionado pelo secretário-geral adjunto Alexandre Quadros, que representou a diretoria da seccional, e pela advogada Betina Treiger Grupenmacher, presidente do congresso.  Fachin proferiu a conferência de encerramento do IX Congresso de Direito Tributário do Paraná.

O ministro lembrou que na década de 1940 marcou tempo a Conferência Nacional de Legislação Tributária. “Já naquele momento emergia um sentimento de urgência em relação aos tributos”, disse. Em 1953, prosseguiu Fachin, o Ministério da Fazenda institui uma comissão para a criação de um projeto de lei tratando de temas tributários.

O projeto veio à tona com seis livros tratando de temas tributário. Porém, só na década 60, já sob a égide do regime militar, é que o tema tributário voltou à baila. Em 1965, uma emenda constitucional depurou o projeto original, mas algumas imperfeições se mantiveram na lei complementar de 1966 e permanecem ainda hoje.

“É nesse percurso histórico que se percebe que as leis não desabam dos céus. São fruto do dissenso no espaço da vida pública e explicitam escolhas políticas. Sempre tenho me perguntado sobre a legitimidade da legislação tributária a partir dos polos de eficiência e justiça”, destacou Fachin.

O ministro do STF sustentou que é fundamental ter presente, quando se libera determinados aumentos ou reajustes, qual será a fonte pagadora. “Questões tributárias são assunto público e não meramente técnico. Pertencem a todo o povo”, assinalou, lembrando que os impostos são ferramenta para a implementação de justiça econômica.

Para o ministro é desafiador promover eficiência justiça e, ao mesmo tempo, fazer frente às necessidades impostas pelas engenharias tributárias de escala global, envolvendo algoritmos complexos. “Essas perplexidades demandam um pensamento que Kant denominou de mentalidade alargada, mais para dúvida do que para certezas que se traduzem em sofrimento.

Mesmo vencido esse desafio, não haverá garantia de indefectibilidade”, considerou.
Fachin apontou a consolidação de um regime tributário para softwares e serviços de streaming e ainda as atribuições de lucro de sociedades que só existem no plano digital como indicadores de que o desafio só aumentará.

O sistema tributário nacional deve não apenas nos regular juridicamente, como tem ocorrido há 50 anos, mas manter os ideais de um modelo equitativo, defendeu o ministro. “Os códigos florescem quando são atualizados. As vidas florescem quando se sucedem por novas vidas. Esse é o desafio que nos espera dentro e fora do Direito”, afirmou.

Evento

Aberto no dia 8 de agosto, o IX Congresso de Direito Tributário do Paraná de três dias foi promovido pelo Instituto de Estudos Tributários e Relações Econômicas (IETRE) e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com o apoio de diversas entidades, destacando-se a OAB Paraná, que abriu sua sede aos congressistas, e o patrocínio da Capes, de Itaipu Binacional e da Klabin.

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