Talk show na OAB reúne homens e mulheres para conversar sobre igualdade de gênero

“Mesmo espaço, outro olhar”. Esse foi o tema do talk show organizado na noite desta quinta-feira (12) pela Comissão da Mulher Advogada da OAB Paraná, como parte da programação alusiva ao mês da mulher.

Representantes da advocacia, da magistratura e do Ministério Público refletiram e discutiram sobre a influência da participação feminina em cargos de liderança nos espaços públicos e institucionais. O evento teve a mediação da jornalista Francine de Souza

O evento seguiu a linha de trabalho da OAB Paraná para 2020, com ações orientadas pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. A conversa sobre a questão de gênero se alinha aos ODS 5, 10 e 16, que tratam, respectivamente, da igualdade de gênero, da redução das desigualdades e ainda de paz, justiça e instituições eficazes.

Num modelo ágil e informal, o talk show consistiu na formulação de uma série de perguntas sobre o tema, uma para cada convidado. Confira as reflexões de cada participante:

“A presença feminina nos cargos de diretoria da seccional, da Caixa de Assistência e das subseções é um demonstrativo da concretização da igualdade. Realmente estamos dando um salto, saindo do discurso para a prática. As mulheres que estão conosco são de uma iniciativa extraordinária.” Cássio Lisandro Telles, presidente da OAB Paraná.

“Tudo o que for baseado na desigualdade compromete a democracia e as instituições. Qualquer medida que tenha por premissa a discriminação tem que ser erradicada. Essa perspectiva de gênero tem que ser elevada a política prioritária em todas as esferas. Quando falamos de igualdade todos precisam entender que é algo absolutamente necessário para construir uma sociedade democrática.” Marilena Indira Winter, vice-presidente da OAB Paraná

“Podemos chegar a todos os cantos, especialmente numa instituição que tem uma liderança como a do dr. Cássio. Nós temos competência, mas quando estamos ao lado homens que tenham esse entendimento de que é preciso ceder pelos outros, ocupar esses espaços fica mais fácil.”  Christhyanne Regina Bortolotto, secretária-geral adjunta da OAB Paraná

“A mulher tem um olhar mais compreensivo à diversidade.” Adriana Teixeira Bezerra, membro da Comissão da Mulher Advogada

“Nunca vi nenhuma espécie de problema em defender decisões tomadas por mulheres. Muitas conquistas para a advocacia da participação feminina nos quadros de direção da Caixa de Assistência. As mulheres têm a sensibilidade de notar necessidades que a gente não percebe.” Fabiano Augusto Piazza Baracat, presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná

“65% das inscrições feitas para a Conferência Estadual da Advocacia são de advogadas. É uma participação maciça e histórica. Dentro da advocacia, do mundo jurídico, as mulheres vêm avançando fortemente, mas o trabalho deve ser o de estimular a participação feminina na política, o que mudaria o nível das discussões e mudaria o país.” Emerson Fukushima, presidente da Comissão Executiva da 7ª Conferência da Advocacia Paranaense

“As defensorias públicas são instituições majoritariamente femininas, mas as mulheres não estão nos espaços de gestão e de decisão. Isso acaba reproduzindo uma série de problemas na política de assistência jurídica. Não traz um olhar democrático na hora de gerir a instituição, e sobretudo não repercute numa atuação que enfrente com a magnitude dos desafios as desigualdades sociais.” Rita Cristina de Oliveira, defensora pública da União

“Quando ingressamos na magistratura, acabamos seguindo alguns padrões, e são padrões masculinos. Quando vamos evoluindo na carreira, começamos a ousar, a mudar esse comportamento. Já proferi várias decisões polêmicas, e espero que uma delas tenha produzido mudanças.”  Neide Alves dos Santos, desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-9)

“A defesa dos direitos humanos passa pelo exercício da igualdade dentro das instituições. Exercício como esse de vir aqui trocar experiência e assumir um compromisso com as próximas gerações.“ Monica Azevedo, procuradora de justiça, coordenadora da Política Estadual de Atendimento ao Público do Ministério Público do Estado do Paraná

“Se as mulheres não tiverem uma efetiva participação em todos os órgãos de representatividade da advocacia, algo estará errado. As cotas são necessárias temporariamente – enquanto a mulher não chegar a ocupar o seu espaço, a advocacia não estará bem atendida e a democracia estará falhando um pouco, inclusive na nossa casa.” Artur Piancastelli, conselheiro federal da OAB

“Há um desconforto em relação a mulheres no poder. Isso é cultural, vem se alterando ao longo do tempo, mas de uma forma muito lenta. É preciso encontrar soluções para que a mulher venha para a vida pública. Ingressar na seara política é muito mais difícil do que parece.” Flávia da Costa Viana, juíza  do 11º Juizado Especial Cível e Criminal de Curitiba, preside a Comissão do Projeto Mulheres na Política no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR)

“Enquanto a mulher lutar desmedidamente contra a feminilidade, ela não estará lutando pela igualdade. O que nos torna diferentes é lutar pelo que acreditamos. Eu não encaro a desiqualdade, sou um ser humano em busca de equidade.” Joeci Machado Camargo, desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná

“Me considero uma pioneira, porque sou a primeira advogada trans do sul do Brasil. Ocupo espaços que não são reservados para as pessoas trans. É uma responsabilidade muito grande, mas não fujo da luta.” Gisele Shimidt e Silva, vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB Paraná

“Sinto respeito, convivência harmônica com os homens – situação diferente das mulheres que foram as primeiras a ingressar na Corte”. Vilma Régia Ramos de Rezende, desembargadora do TJ-PR pelo Quinto Constitucional da Advocacia

“Somos 41 conselheiras de um total 50 membros do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente. Com as mulheres, vamos conseguir chegar a um diagnóstico real da violência contra a criança. As estatísticas dizem que a maior violadora dos direitos da criança é a mãe, mas estamos mostrando que elas também são vítimas.” Suelen Oliveira, conselheira tutelar de Curitiba

“É uma armadilha colocar as mulheres em posições superiores, porque estaremos praticando o machismo às avessas.  O feminismo que eu acredito é o da igualdade na diferença. Que a grande luta seja por uma humanidade melhor. Espero que homens e mulheres consigam a reconciliação, a reconciliação de duas humanidades.” Edni de Andrade Arruda, conselheira honorária da OAB e medalha Vieira Netto.

“Sou mulher negra, tendo a oportunidade de estar num cargo onde uma mulher negra nunca esteve. Represento tantas outras mulheres que não têm fala. Renovo as minhas esperanças por acreditar que esse trabalho vale a pena. Agradeço às demais membros da comissão, a diretoria da OAB e a todas que abriram as portas para hoje chegarmos até aqui.” Mariana Lopes Bonfim, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB Paraná.