Caminhada pela paz na Ucrânia reúne centenas de pessoas no Centro de Curitiba

Centenas de pessoas se concentraram na manhã deste sábado (19/3) na Praça Santos Andrade, em Curitiba, para uma caminhada pela paz na Ucrânia. À medida em que os manifestantes chegavam para a manifestação promovida pela OAB Paraná, pela Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná (CAA-PR) e pela Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB), com apoio do governo estadual e do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), o tempo chuvoso foi dando lugar ao céu aberto.

Pouco antes das 11h da manhã, os manifestantes saíram em caminhada pela Rua XV de Novembro, com destino à Boca Maldita. À frente, portando uma faixa com palavras de protesto contra a guerra russa na Ucrânia, seguiu a presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, o vice-presidente Fernando Deneka, que tem ascedentes ucranianos, e o presidente da RCUB, Vitório Sorotiuk.

Na Boca Maldita, os descendentes entoaram, muito emocionados, o Hino da Ucrânia e em seguida o Hino Nacional Brasileiro. A concentração contou com manifestos da presidente da seccional, do presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, e  do cônsul honorário da Ucrânia para o Paraná, Mariano Czaikowski. Do alto do carro de som, a canção Bojei Belekei  (“Deus é Grande”), tendo ao fundo o acompanhamento da violinista Oksana Paludzyszyn Meister, que é advogada, comoveu os presentes.

“Estamos aqui para prestar a nossa solidariedade ao povo ucraniano. A advocacia tem na sua essência a defesa dos direitos humanos. Não poderíamos silenciar diante de uma violência contra o povo”, disse a presidente da OAB Paraná, Marilena Winter. Ela agradeceu a parceria com a Representação Central Ucraniano-Brasileira, o apoio do cartunista Nilson Muller, que emprestou o personagem Zequinha à divulgação do evento, e os diretores da seccional paranaense.  “Que essa guerra termine. Que não demore nem mais um dia, nem mais um minuto”.

Adesão

O ato reuniu pessoas de todo o estado. Marli Paink Koczicki, descendente de ucranianos, veio de Prudentópolis para a caminhada. “É muito tocante ver nosso povo, nossa Ucrânia viver este momento de dor, a gente se sensibiliza. Tive a oportunidade de conhecer a Ucrânia e hoje choro ao ver destruídos os locais que visitei”, disse.

Cleusi Ilniski e a filha, Ana Beatriz, de 11 anos, vieram de Pinhais para a caminhada, mesmo num sábado chuvoso. A família delas deixou a Ucrânia durante a 2ª Guerra Mundial.  “Ficamos muito tristes que em pleno século 21 estejamos passando por mais uma guerra”, lamentou.

A família Baran também esteve presente. Denise e Igor levaram as filhas gêmeas, Natália e Valentina, de 4 anos, para prestar apoio e solidariedade ao povo ucraniano. Como muitos manifestantes, as meninas usavam trajes típicos, caracterizados pelo bordado colorido.

As religiosas Ariane Andruchechen e Maria Demétrio, da congregação da Ordem de São Basílio Magno, fizeram questão de participar do ato de paz.

Até Olly Golden (com perfil no Instagram), cão da advogada Luciana Burko foi integrar a marcha, que contou com grande participação das famílias, incluindo idosos e crianças.

 

Confira alguns relatos dos participantes do evento

“O ato de hoje é apenas o início de outras atividades que estão sendo desenvolvidas pela OAB. Daremos apoio jurídico aos refugiados, auxiliando no preenchimento de formulários e envio da documentação para termos um consentimento de vistos humanitários para estas pessoas.” - Steeve Beloni, presidente da Comissão de Direito Internacional

“Estamos nos mobilizando para receber as pessoas que estão vindo para o Brasil. Temos várias comissões envolvidas para poder apoiá-las da melhor forma possível.” - Fernando Deneka, vice-presidente da OAB Paraná

“Temos que reivindicar aquilo que decidiu a Corte de Haia no dia 16 de março: que a Rússia pare com suas atividades dentro da Ucrânia. Estão atingindo civis, já são mais de 3 milhões de refugiados, pessoas que deixam tudo, suas lembranças e história. É terrível.” - Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira

“Essa é uma maneira de demonstrarmos toda a solidariedade ao povo ucraniano. A guerra é um flagelo da humanidade, ninguém ganha nada. Vidas são ceifadas em nome de disputas de poder. No Paraná, temos um centro de apoio aos imigrantes, o único no país. O governo dará todo o suporte para documentação, vagas de trabalho e outras ações, para que tenham a dignidade que merecem.” - Silvio Jardim, da Secretaria da Justiça Família e Trabalho

“A questão dos imigrantes sempre foi uma pauta permanente na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB paraná. Há um grupo de advogados preparados nesta gestão para acolher refugiados e uma parceria com órgãos como a Secretaria de Justiça e a UFPR para auxiliá-los”. - Anderson Rodrigues Ferreira, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos

“Temos que ter uma visão ampla do que é a paz e que, mesmo como seres ainda individualmente considerados, devemos estar ao lado daqueles que lutam pela paz. A OAB busca e trabalha pela paz, seja ela em qual continente for.” - conselheira estadual Andreia Vitor

“Cerca de 75% da população de Prudentópolis é descendente de ucranianos. Somos a maior comunidade ucraniana do país. Não poderíamos deixar de estar presentes neste ato, um evento simbólico que reúne tantas pessoas em prol da Ucrânia. Já estamos acolhendo os primeiros imigrantes lá e a OAB está apta a auxiliar.” - Alysson Wolski, presidente da OAB Prudentópolis

“Este ato é uma demonstração da solidariedade do povo curitibano e das instituições relevantes da nossa sociedade. A OAB é fundamental e trabalha naquilo que está sendo lesado nesta guerra: os direitos. Cumprimentamos a Ordem pela ação. Se não mostrarmos a repulsa mundial a essa atitude arbitrária e covarde de agredir quem não agride, essa guerra será um exemplo para outros ditadores repetirem o mesmo.” - Mariano Czaikowski, Cônsul honorário da Ucrânia para o Paraná

"O paranaense e a advocacia sempre estiveram na linha de frente da busca da cidadania e também das pessoas refugiadas. Nosso respeito ao povo ucraniano e repúdio a essa guerra que atinge civis, mulheres, grávidas e idosas, que atinge a alma do cidadão ucraniano.” - Lucia Beloni, corregedora geral do Sistema Penal do Estado do Paraná

"Temos um respeito muito grande por todos os imigrantes que vieram da Ucrânia e ajudaram na construção do nosso estado. Fiz questão de estar aqui para demonstrar o nosso respeito. Ontem acompanhei junto com o governador a chegada dos primeiros refugiados na Primeira Igreja Batista, iremos oferecer todo o suporte. Podem contar com a Prefeitura de Curitiba." - Eduardo Pimentel Slaviero, vice-prefeito de Curitiba