A Comissão de Igualdade Racial da OAB Paraná tomou posse nesta quinta-feira (19). Andreia Cândida Vitor assumiu a presidência, com Sandro Luiz Britto Sprenger como vice-presidente e Silvia Regina de Oliveira como secretária. A diretoria da seccional foi representada na solenidade Marilena Winter, vice-presidente da OAB-PR.
“É uma honra estar em uma posse de uma comissão tão importante que é a de Igualdade Racial. Cabe a mim apenas expressar o orgulho que sinto ao ver essa reunião e o trabalho que vocês vêm fazendo. Estão verdadeiramente mudando um pouco o rumo da historia”, disse Marilena ao abrir a solenidade.
A vice-presidente da seccional lembrou que o primeiro presidente da entidade, João Pamphilo Velloso de Assumpção, foi um advogado negro e que a história se calou por muito tempo. Ela mencionou ainda que sua área de atuação profissional, o direito civil, é extremamente enraizado na discriminação. “O Direito civil brasileiro foi criado a partir de um Código pensado com base em princípios patrimonoalistas, com esse olhar que tem uma fissura abissal no direito, que é a exclusão”, ponderou. “A nossa história jurídica é essencialmente discriminatória, assim como a nossa sociedade”, acrescentou Marilena.
“É uma felicidade nós termos uma comissão tão vibrante e tão atuante. É um grande aprendizado quando a gente trata de um tema tão importante do estado democrático de direto, que é a igualdade”, disse a vice-presidente da OAB Paraná.
Homenagem
A secretária-geral adjunta da Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná, Silvana Cristina de Oliveira Niemczewski, que presidiu a Comissão de Igualdade Racial na última gestão e hoje é membro consultora, também participou da solenidade e foi homenageada.
“Quiçá um dia a gente possa sobreviver sem mais falar de temas relevantes como esses: igualdade, inclusão, gênero, fome, saneamento básico. Não podemos nos esquecer dessas questões e das pessoas que estão na base da pirâmide social”, disse Silvana. “Hoje estamos aqui para um dia de comemoração. Para celebrar a concretização de direitos constitucionais. “Estamos fazendo nossa função social enquanto ordem e estamos preocupados com a sociedade como um todo”, apontou emocionada.
“Nós negros entendemos muito bem a palavra representatividade. Muitos achavam que não poderiam entrar nessa casa e podem, porque aqui é a casa da democracia e todos somos tratados como iguais”, destacou a secretária-geral adjunta da CAA-PR. “Podemos ensinar o amor, assim como muitos ensinam do ódio. Não podemos esquecer dos nossos sonhos. Podemos caminhar juntos, não queremos um apartheid, mas uma sociedade em que todos caminhem juntos”, concluiu a ex-presidente da comissão.
Resistência
“Não é fácil, mas se fosse fácil não teria graça nenhuma”, disse o vice-presidente, Sandro Sprenger sobre os desafios de atuar na comissão. Ele também citou seu lema pessoal, um trecho de uma canção do compositor e poeta Paulo César Pinheiro: “Sou como a haste fina que qualquer brisa verga. Mas, nenhuma espada corta”, citou.
A presidente da comissão, Andreia Cândida Vitor, agradeceu a confiança da OAB sobre ela. “Com grande alegria e sentimento de urgência pelo trabalho a ser feito que realizamos essa posse”, disse. Ela convidou os presentes a pensarem sobre o ontem, o hoje e o amanhã.
“Sobre o ontem, precisamos lembrar que há uma história de luta, superação e fé. Todos aqui presentes são descendentes de pessoas livres que um dia vieram como escravos. É nós só devemos não esquecer nossos ancestrais, que o Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravatura e quem foi o lugar que mais recebeu escravos na América”, ressaltou.
Ao falar sobre o futuro Andreia convidou os presentes “dar continuidade ao brilhantismo das gestões anteriores, dar aplicabilidade ao plano de igualdade, fomentar o ensino jurídico e dar apoio aos advogados de todas as etnias e às diversas comissões parceiras.
