Priscilla Placha Sá toma posse como nova desembargadora do TJ-PR

Tomou posse nesta quinta-feira (3) a nova desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), Priscilla Placha Sá. Participaram da solenidade diversas autoridades e representantes da advocacia. Da diretoria da seccional, estiveram presentes o presidente, Cássio Telles, a secretária-geral adjunta, Christhyane Regina Bortolotto, o diretor de prerrogativas, Alexandre Salomão, e o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná, Fabiano Baracat.

A nova integrante da corte ingressou pelo quinto constitucional da advocacia, tendo integrado a lista sêxtupla elaborada pelo Conselho Pleno da OAB Paraná; a lista tríplice do TJ-PR e sido nomeada pelo governador do estado, Carlos Massa Ratinho Júnior. Ela será a 20ª mulher a ter um assento como desembargadora na atual composição dos 120 magistrados do tribunal e 24ª na história da corte.

A magistrada chamou seu discurso de “A última sustentação oral”, relembrando sua trajetória como advogada, que em tantas tardes de quinta-feira sustentou nas câmaras do TJ-PR. Ela também definiu suas colocações como “um misto entre o que é jurídico e afetivo”.

Na década de 1980, contou, a então menina Priscilla viu a inscrição em um muro que dizia “Diretas Já” e perguntou à mãe o significado daquilo. A explicação que recebeu sobre a situação que se vivia no país e o que era democracia, foi decisiva para suas escolhas futuras. Anos mais tarde, em 1988, quando a Constituição foi promulgada, decidiu que iria estudar Direito e nos anos 1990 ingressou na faculdade no Unicuritiba. Durante a graduação, Priscilla estagiou no sistema carcerário, passando pela Penitenciária Central do Estado, pelo Manicômio Judiciário e pela Vara de Execuções Penais, experiência que marcou sua existência “a um só tempo como ser humano e como profissional”, definiu.

Sobre os 20 anos de advocacia, ela disse que pode não ter tido todas as causas que quis, mas quis todas as causas que teve. “Afirmo sem sombra de dúvidas que inscrevi em cada uma o que tinha de mais profundo e arraigado na lição de que é preciso usar com responsabilidade o diploma que havia recebido e a profissão que abraçara”.

Instituições

A nova desembargadora falou também sobre sua crença nas instituições, dirigindo-se ao presidente da OAB Paraná. “Dr. Cássio, hoje deixo a Casa da Liberdade, como chamei por muitas vezes a Ordem dos Advogados, a quem pude me dedicar institucionalmente, com a crença de que as instituições são feitas de institucionalidades”, declarou. “E é nisso que reside a minha condição de advogada, com uma afirmação de que a realização profissional e pessoal deixa marcas indeléveis”, completou.

A trajetória como professora também foi mencionada com emoção, pois, foi a partir das vivências no meio acadêmico, que ela desenvolveu a expertise para colocar seu capital de trabalho à disposição das pessoas socialmente vulneráveis. Suas alunas receberam uma menção especial, especialmente as envolvidas no Projeto Mulheres pelas Mulheres. “As melhores lições não foram as que como docente pude ofertar, senão as que como tal pude com elas pude aprender”.

Exclusão

Priscilla expressou ainda ter consciência dos privilégios a que teve acesso e que não estão disponíveis a um grande número de garotas. “O afastamento das garotas da escola não é só o afastamento de uma formalidade educacional, mas é também o traço distintivo de outros perigos a que tantas meninas estão sujeitas, com o casamento infantil, a gravidez na adolescência, a gravidez precoce e as violências; dilemas que batem às portas desse tribunal pelas mais diversas câmaras, tanto cíveis quanto criminais. E é por isso que sou grata à minha mãe que me fez estudante”, disse a nova desembargadora do TJ-PR.

Protagonismo

O presidente do TJ-PR, Adalberto Xisto Pereira descreveu Priscilla em seu discurso como “uma das mais brilhantes profissionais do direito do Paraná, excelente professora e envolvida com importantes causas jurídico-sociais”.

Para ele, a experiência da nova integrante da corte enriquece sua condição de julgar. “Uma das louváveis iniciativas é a luta pelos direitos das mulheres, especialmente as presas e as egressas do sistema penal, além do combate ao feminicídio”, ressaltou o presidente do tribunal.