“Temos uma dívida enorme com a sociedade”, diz a ministra Cármen Lúcia

“O cidadão brasileiro está cansado de tanta ineficiência e espera poder voltar a confiar nas instituições”, disse a ministra Cármen Lúcia, presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta sexta-feira. A afirmação foi feita na inauguração do novo presídio de Formosa, a 80 quilômetros de Brasília.

O presídio tem capacidade para receber 300 detentos de alta periculosidade. Sua instalação faz parte das medidas para conter a crise carcerária. Na região, a crise culminou com a rebelião no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, com nove mortes.

“O cidadão brasileiro espera poder voltar a confiar nas instituições. Nós somos pagos pelo cidadão para fazer e temos de fazer. O cidadão está cansado de tanta ineficiência de nós todos, incluindo o Poder Judiciário. E por mais que tentemos —e estamos tentando, com certeza —, temos um débito enorme com a sociedade”, disse ela.

Paraná

A ministra tem feito uma série de inspeções nos presídios brasileiros.  Em janeiro ela visitou o Complexo Penitenciário de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, onde pode constatar dificuldades como a superlotação e a precariedade das instalações.

Na ocasião, o presidente da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha, que acompanhou a visita, fez um alerta à ministra. “O grande problema do sistema carcerário no Paraná está nas delegacias. Temos 10 mil presos detidos permanentemente nas carceragens, que deveriam se destinar apenas à passagem temporária. Na inspeção do Complexo de Aparecida de Goiânia, em novembro, a superlotação também foi constatada.

Cármen Lúcia afirmou ser lamentável que se tenha, no Brasil, um sistema penitenciário “em condições precaríssimas”, mas o empenho em conjunto do Poder Judiciário e do Poder Executivo dá a certeza de que é possível fazer muito mais.

“Como eu sou alguém que tem fé, queremos precisar menos de presídios e melhorar a sociedade. Para isso estamos trabalhando, e precisamos continuar para que o cidadão possa ter confiança e manter a fé nas instituições do Brasil, porque, como diz Gilberto Gil, ‘a fé não costuma falhar’”, completou ela.

Com imagem e informações do CNJ