Advogados aderem à campanha do Laço Branco e conclamam cidadãos a combater violência contra a mulher

Dezenas de advogados, dentre os quais diretores da OAB Paraná, conselheiros estaduais e federais e integrantes de comissões, participaram no fim da manhã desta sexta-feira da campanha do Laço Branco, distribuindo panfletos, broches e orientando os pedestres que passaram pela Boca Maldita, no Centro de Curitiba, sobre a necessidade de um engajamento de toda a sociedade para combater a violência contra a mulher. Realizada em todo o mundo, a campanha, criada há 20 anos no Canadá,  tem o objetivo de sensibilizar homens a lutar pelo fim da violência de gênero.

Com o olhar de que o enfrentamento à violência contra a mulher deve ser feito por toda a sociedade, a ação da OAB Paraná procurou sensibilizar os homens a se engajar na luta pelo fim da violência de gênero. A ação integra a programação de 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, liderado pela Organização das Nações Unidas, que vai até 10 de dezembro. Na abordagem, os advogados viveram momentos ímpares. “Uma senhora me contou que apanhava do primeiro marido. Ouvi seu relato e expressei solidariedade. Ela, comovida, me abraçou”, contou, igualmente emocionado Marcelo Fontoura, da Comissão da Advocacia Iniciante.

Testemunho

Também tocante foi o relato do fundador do Instituto Alice Quintilhano. “Eu tinha um ano e meio quando minha mãe, Alice, foi morta pelo meu pai. Eu e meus 6 irmãos fomos parar no Juizado de Menores. Uma tia acolheu três de nós e, mais tarde, também os outros quatro porque tínhamos anemia falciforme e ninguém queria se responsabilizar pelo tratamento”, conta Gilmar Quintilhano, hoje com 43 anos.

As dificuldades vividas por ele e pelos irmãos em decorrência do feminicídio cometido contra a mãe foram inúmeras, especialmente por falta de políticas específicas para casos como esse, uma realidade que Quintilhano quer mudar (veja quadro). Além de fundar o instituto para ajudar outras vítimas e homenagear a mãe, Gilmar formou-se em Direito e pretende prestar concurso para a magistratura.

 

 

"Sou uma vítima indireta do feminicídio"

Gilmar Quitilhano diz que além de honrar a memória da mãe, Alice, o instituto por ele fundado no início deste ano tem como objetivo trabalhar pela formulação de políticas públicas para as vítimas indiretas do feminicídio. "Sou uma dessas vítimas, assim como meus irmãos. Minha mãe foi morta, meu pai foi preso e ficamos à mercê da caridade da família. Faltam políticas específicas para essas situações. Essa é a próxima etapa da nossa atuação", frisou.

O instituto existe desde fevereiro e já atendeu dezenas de pessoas provendo assistência psicológica, social, orientação jurídica e encaminhamento ao mercado de trabalho. Campanhas de orientação também têm sido promovidas pela institiuição.