Com mesa comandada pela presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB Palmas, Karina Camargo Martins Lourenzet, relatoria da advogada Caroline Cavagnari Tramujas, especialista em Direito de Família, e mediação da advogada criminalista Mariana Lopes, o segundo painel matinal da Conferência Estadual da Mulher Advogada discutiu a violência de gênero.
Sandra Lia Bazzo Barwinski, presidente da Comissão de Estudos de Violência de Gênero (Cevige) fez uma apresentação mostrando a trajetória da luta no combate à violência de gênero. “Quando se fala em enfrentamento, pensa-se em punição. Mas há ações de prevenção, de assistência e de monitoramento e a OAB Paraná faz isso muito bem. Aproveito para agradecer todo o apoio recebido do ex-presidente Juliano Breda”, afirmou.
“Mulheres em geral estão sujeitas a todo o tipo de violência. Se for negra, lésbica ou deficiente, o risco se potencializa. E temos de dar grande importância à violência doméstica, que é o espaço de formação das nossas crianças”, destacou. Sandra também falou sobre o projeto Jovens Multiplicadoras de Cidadania, que trabalha com um grupo de 30 crianças. “Espero que a morte de Marielle não tenha sido em vão”, resumiu.
Numape
A professora Isadora Vier, criadora do Núcleo Maria da Penha (Numape) na Universidade Estadual de Maringá (UEM), abordou os desafios de sua atividade no escritório-modelo destinado não só ao atendimento pontual de mulheres que não têm condições de pagar por serviços da advocacia, mas também à oferta de um espaço para a prevenção e para a proposição de políticas públicas. “O Numape foi criado em 2014. Hoje tem duas advogadas, uma psicóloga, uma assistente social e estagiárias nas áreas de Direito e Psicologia. Participamos do Fórum Maringaense para Mulheres e estamos em conexão com outras instituições do setor. “O trabalho é amplo. Quando faltam vagas nas creches ou há precarização do trabalho, as mulheres é que são afetadas”, ressaltou.
Isadora expressou ainda sua preocupação com o declínio do humanismo, que tem causado sofrimento generalizado na sociedade. “Num breve espaço de tempo dois alunos da UEM tiraram a própria vida, o que é sintoma desse sofrimento.”
Insensibilidade
A criadora do Numape contou que foi questionada ao começar a trabalhar no núcleo. “Queriam saber que violência eu havia sofrido para querer me envolver com essa questão”, afirmou Isadora. Sandra Lia apontou outro fruto da pouca sensibilidade com o tema: a falta de defensor para atender os 800 casos mensais que chegam à Casa da Mulher Brasileira. “Não podemos questionar, para que não acabe. Dentro da Ordem tivemos avanço. Só o fato de estarmos aqui hoje prova isso. O desafio é multiplicar ações para que logo o tema deixe de ir para debaixo do tapete”, destacou.
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