Painel debate participação feminina na vida pública

O primeiro painel deste sábado (24/3) na Conferência Estadual da Mulher Advogada tratou de “Pautas Jurídicas traçando os rumos do Brasil”, debate que teve a advogada Graciela Marins, coordenadora-geral da Escola Superior da Advocacia (ESA), como presidente de mesa e Jaqueline Lobo da Rosa como relatora. “Fico feliz em ser apenas presidente de mesa porque o debate vai ser fantástico”, disse Graciela ao apresentar as debatedoras.

“Recebi a missão de conduzir essa discussão para que possamos reconstruir alguns conceitos. Independentemente das visões ideológicas, acho que devemos dedicar os trabalhos desta manhã a Marielle e a todas as mulheres que estão nessa luta”, disse a jornalista Katia Brembatti, moderadora do painel.

Barreiras

Carla Karpstein, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB Paraná, abriu sua apresentação lembrando das histórias de dificuldades vividas por mulheres advogadas. “Sou uma das poucas na área do Direito Eleitoral. No Paraná fui, durante muito tempo, a única. Para terem uma ideia, no âmbito eleitoral, nos confraternizamos com frequência entre advogados e magistrados e havia um tempo em que eu não podia participar por ser a única mulher”, ilustrou.

“Desde a década de 80 beiramos os 10% de representação no Congresso. Há quem não goste de cotas, mas elas são importantes. Só que nossa cota não deu certo. As mulheres têm 30% das vagas, mas nenhum recurso para suas companhas. Agora é que o STF determinou que 30% do fundo partidário seja destinado às candidaturas femininas”, afirmou Carla.

A presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB Paraná, Priscilla Placha Sá, fez questão de dar “bom dia a todas”. Para ela, assunto de política é assunto de mulher e é necessário pensar nos efeitos disso. “Esse modo de fazer política coloca para nós uma questão: a Lava-Jato não resolveu nossa vida em termos reais. Afinal, política é o que decide a nossa vida em todos os âmbitos. A política de composição de 30% de um dos gêneros é política. Precisamos nos enfronhar nesse espaço de decisão, para tratar de grandes questões”, afirmou.

Participação

A moderadora propôs que a secretária-geral Marilena Winter falasse sobre o que é necessário para elevar a participação feminina na vida pública. “É preciso disto que estamos fazendo aqui. As condições estão postas. A estrutura constitucional não passa em nenhum momento pela ideia de que a vida pública é privativa de um gênero”, destacou. Citando Bauman, ela afirmou que a humanidade achará seu caminho, mas o tempo e o custo para que isso ocorra preocupa. “Não precisamos que ninguém nos abra a porta. As mulheres abriram a própria porta quando foram se educar, buscando a formação superior. Quando transportamos isso para quaisquer instituições, inclusive a OAB, me parece que é relevantíssimo destacar o envolvimento e a reflexão em encontros como este”, pontuou.

“É muito comum que perguntem o que querem as mulheres. Ora, somos muitas, somos múltiplas. Queremos várias coisas diferentes. É preciso ter cuidado para que o debate não se resuma à participação da vida pública. Há outros espaços que merecem também esse cuidado”, completou Priscilla.

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